Há cerca de duas semanas participei de um programa pela webtv, do presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Ângelo Coronel. A transmissão do tête-à-tête teve grande repercussão, principalmente quando ao final do programa, em uma espécie de bate-bola, o deputado sugeria duas situações, onde eu teria que escolher uma. Foi quando ele propôs: – ACM Neto ou Rui Costa? E eu respondi: – Nem um, nem outro. Foi o suficiente para receber algumas ligações e mensagens pelo WhatsApp de aliados, admiradores de ambos, querendo saber o porquê da minha resposta. Asseverei que nada pessoal contra os chefes dos executivos municipal e estadual e que, na resposta, pontuei que a questão era a desatenção que via na administração de ambos em relação ao terceiro setor.
Efetivamente, venho percebendo ao longo de muitos anos o descaso de gestores públicos para com instituições de amparo aos que necessitam, principalmente as pequenas e de médio porte. Criou-se um mito mistificado de que se trata de assistencialismo e não de uma ação programática de governo... e aí eles vêm com um discurso acadêmico cheio de clichês e frases de efeito, que na prá- tica só evidencia a falta de atividade in loco das ações que tentam teorizar.
Pessoalmente desisti de todo tipo de convênio com os poderes executivos municipal e estadual. Só tenho um contrato de cessão de sala com a Secretaria de Educação do Município, que, por sinal, vive em atraso, sem reposição de reajustes... um desrespeito, até pelos valores. Ademais, fiz de tudo para ampliar o trabalho social da Cidade da Luz com uma creche, em face da demanda gerada por trabalhadoras necessitadas, do entorno da instituição, e não consegui. Tentei ainda ampliar a escola fundamental que temos em parceria com o município e não consegui. E nesse sentido é da mesma forma com o governo do estado, naquilo que pode ser da alçada dele. Naturalmente o mesmo tratamento não é dado a certas ONGs, digamos, coligadas a partidos políticos, ou mesmo dirigidas por “amigos” da base. Desisti, informando à comunidade os motivos.
Fico perguntando quando é que os senhores políticos, em especial os ocupantes do Executivo, vão entender que a capilaridade das pequenas e médias instituições leva as ações muito mais longe, e com muito menos recursos do que as estruturas pesadas de seus governos? Sem falar que as instituições sérias guardam em seu corpo de direção voluntários, pois não se trata de cabides de emprego. Pessoas que fazem o bem, pelo bem, mas sentem a frustração de uma política de interesses e conveniências, que foge dos seus deveres, em devolver ao povo, em serviço e melhorias sociais, o que dele tira em impostos. O povo precisa tomar as rédeas das cobranças.
José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e
fundador da Cidade da Luz