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12h53

É ofensa uma transexual como Jesus?

Proibida pela Justiça de ser exibida no espaço Cultural da Barriquinha nesta sexta-feira (27), a peça “O Evangelho Segundo Jesus, a Rainha do Céu” foi transferida para o Teatro do Goethe Institut Brasilien (ICBA), onde foi exibida. O autor do pedido de liminar alegou que a peça é “atentatória à dignidade à fé cristã/católica e [a] todos aqueles que acreditaram e respeitaram Jesus como filho do Deus criador do universo”. O juiz concedente da liminar argumenta no seu arrazoado que não se pode “eliminar os símbolos/crenças religiosos mais tradicionais do povo, com narrativas debochadas e fantasiosas, como que lhe arrancando as raízes”.

De pronto, não vi a peça. Não conheço o seu conteúdo, mas entendo que não cabe vedação de formas diferentes de se entender a mensagem de Jesus e ou a sua compreensão, simplesmente porque foge ao que primo em minha compreensão pessoal. Seria arrogância da minha parte dizer que a minha interpretação é a correta. Posso até não concordar, mas não me cabe proibir o que não se alinha à minha forma de ver o mundo e seus complexos emaranhados de conceitos e vivências.
 
De outra parte, fiquei me perguntando se a questão não era pura e simplesmente de preconceito, haja vista que a figura de Jesus estaria sendo representada por um mulher transexual. Logo, questionei-me: Por que não uma transexual interpretar Jesus? Quer dizer que há uma estratificação, qualificação de gênero humano superior, inferior e ou intermediário? Só homem poderia sê-lo. 

Veio-me à lembrança um livro que li faz muito tempo: Em seus passos o que faria Jesus? De Charles Sheldon. Fala sobre um pastor que se defronta com os seus equivocados conceitos de ser cristão e qual deveria ser a sua atuação como líder de uma igreja. Assim, quando há essas “defesas” estranhas dos conceituados por alguns como “dignidade da fé cristã”, lembro do livro e questiono a mim mesmo: O que faria Jesus em meu lugar? Considerando que a todos ele acolhia, respeitava, salvo, claro, aos que Ele, segundo Mateus, 23: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de cadáveres e de toda podridão! Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça.“. Palavras de Jesus, que entendo devem nos nortear.

Entendo que Jesus não geraria castas de superiores, porque via todos da mesma forma. A transexual é um ser humano como qualquer outro. Por outro lado, não sei se ela, a atriz, atacou símbolos cristãos, vilipendiando-os, desqualificando-os, como, por exemplo, quebrando imagens...atacando profitentes desta ou daquela religião com ofensas e calúnias – o que não acredito que aconteça no espetáculo – aí seria desrespeitoso à minha fé cristã, estaria violando o meu direito constitucional. Assim mesmo seria discutível, pois se trata de um teatro, pressupondo que os ali presentes compraram o ingresso e sabiam do que se tratava.

Por outro lado, inclusive, se ela passasse conceitos próprios sobre os seus entendimento de quem foi, é Jesus, vejo como opinião própria e não me sentiria atingido por ser cristão, inclusive porque não guardo a presunção de que as pessoas vejam o mundo com a lente do meu entendimento. É a leitura dela, não estaria mistificando, por exemplo, o que prega a minha fé espírita, aí, sim, eu reagiria, sobretudo se fosse em cima de situações caluniosas, como já vi diversos atentarem ao afirmar que nós evocamos o satanás. Ao que me parece, pelo colhido na imprensa, o mote é o velho e sempre presente desastroso preconceito, criador de precedentes perigosos, pois isto sim, entendo, estimula ressentimentos, intolerância, ódio e me remete ao jornal Charlie Hebdo, onde em 2015 um grupo que se dizia seguidor do islã, por conta de publicação de charges do profeta Maomé,  atacou o jornal e deixou 12 mortos, 11 feridos, em Paris.
 

* José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.

 

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