Pessoalmente, nunca entendi o sentido lógico de formação, de educação da chamada “progressão automática”, onde uma resolução do Conselho de Educação, em vigor desde 2012, proíbeareprovação de alunos matriculados nos três primeiros anos do ensino fundamental. No entanto, uma decisão de desembargadores do Tribunal de Justiça do Distrito Federal alterou, há poucos dias, essa resolução. A decisão vale para todas as instituições do DF.
A doutora Michelle de Freitas Bissoli, em a Educação e desenvolvimento da personalidade da criança: contribuições da Teoria Histórico-Cultural, levanta pontos cruciais para o entendimento da necessidade das crianças desde cedo serem educadas, conduzidas a um desafio permanente de crescimento cognitivo, como instrumento de modificação da própria sociedade, através da formação de sua personalidade e amadurecimento social.
Na infância se estabelecem os primeiros níveis da formação da personalidade do indivíduo. O psicólogo Alexei Leontiev afirma que são nos primeiros anos de vida que a criança aprende valores, normas de conduta, ou seja, ela precisa entender o que são os bônus e ônus, em seus processos de conquista, pelos esforços e buscas. Por isso, poderemos afirmar que a personalidade de cada um resulta de sua biografia: das suas condições de vida e principalmente educação, em seu sentido mais amplo. Ora, se assim de fato for, como essas crianças, exatamente neste período de formação, irão reagir às “facilidades” que encontram, em premiação a sua falta de reais conquistas? Por essa razão o processo educativo sistematizado, que acontece na escola fundamental assume importante papel. Lamentável que não exista este comprometimento nas políticas públicas de estados e municípios. Os políticos não estão realmente preocupados, em geral, com o futuro da sociedade em si, mas, sim, dos interesses pessoais e dos seus.
Poderemos assim auferir que a educação, a partir da mais tenra infância, gera papel preponderante no desenvolvimento dos modeladores futuros da sociedade. E assim vamos humanizando o futuro adulto a bem vivenciar as suas frustrações, fazendo-os em agentes conscientes de repercussão positiva diante dos seus ganhos e/ou perdas. De fato, a atividade educativa mais ampla, de compreensão de valores sociais, tem na família e na sociedade a maior tarefa. A escola, no entanto, com suas políticas pedagógicas cumpre elaborar a aprendizagem dos conteúdos da cultura, formada pela humanidade ao longo da História e, a partir dela, promover o desenvolvimento das capacidades da criança e de sua forma singular de ser e de atuar socialmente, como valores de cidadania e inclusive de respeito às diferenças, defende a doutora Bissoli.
José Medrado
Mestre em família pela Ucsal e
fundador da Cidade da Luz