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Maconha: liberar ou não?

No último mês de março um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou os países da América do Sul que liberaram o uso medicinal e recreativo da maconha. De acordo com a organização, a crescente tendência de liberação da maconha pode reduzir "a percepção dos riscos" do consumo da substância, ou seja, que pode se achar que não causa problema algum, ou que seja mesmo inofensiva. Alerta, ainda, que: “Sob as convenções internacionais de controle de drogas, todos os países devem tomar todas as medidas praticáveis para a prevenção do uso de substâncias (proibidas)”, afirma o relatório. Isso inclui a “identificação antecipada, o tratamento, a educação, a reabilitação e a reintegração social dos afetados”, acentua.

Por outro lado, o canabidiol, também conhecido por CBD, é um dos princípios ativos da maconha, que está sendo usado como medicamento para diversas doenças, que variam de epilepsia severa a fibromialgia, teve em 2015, a sua retirada pela Anvisa da lista de substâncias ilegais, passando para a de substâncias controladas, exigindo receita e laudo médico para a importação.

Ressalte também que tanto os benefícios quanto os malefícios terão efeitos de diferentes graus, dependendo tanto do organismo do indivíduo, como também da dose consumida, mas estudos evidenciam que a maconha vicia, sim, e pode prejudicar a saúde do usuário tanto quanto o álcool ou a cocaína.

Há uma controvérsia da comunidade médica se ela traz mais benefícios ou malefícios. É verdade, segundo estudos da Unifesp, que a dependência de maconha não está tão relacionada às propriedades psicoativas da erva e a sua potencial capacidade de viciar, mas principalmente às características do consumidor. As avaliações indicam que o típico candidato à dependente é um sujeito jovem, quase sempre ansioso e eventualmente depressivo. “São pessoas que podem se viciar tanto em maconha quanto em sexo, jogo ou internet”.

Infelizmente, muitos usuários de maconha afirmam que conseguirão largar a droga quando bem entenderem, mas os estudiosos afirmam que se libertar do vício não é tão simples assim. O pediatra Anthony Wong, diretor do Centro de Assistência Toxicológica da USP, sugere aos dependentes que procuram seu consultório, em busca de apoio, o seguinte desafio: 90 dias sem fumar um único cigarro de maconha e fazer exame de urina a cada 15 dias para comprovar que a erva não foi consumida. “Nunca houve um que apresentasse resultado negativo”, ou seja, não conseguiram ficar longe do uso, afirma Wong . “É claro que, depois de certa idade, alguns trocam a maconha por outros interesses. Mas alguns, infelizmente, substituem-na por drogas mais pesadas”, conclui

José Medrado Mestre em família pela Ucsal e

fundador da Cidade da Luz

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