O filósofo alemão Friedrich Nietzsche afirmou que “um político divide os seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos”. Grande verdade que a cada dia vamos comprovando. Sabemos, de forma geral, e não atingindo a todos, que uma grande maioria dos políticos nacionais não guarda qualquer compromisso com valores de ideais, e sim, e quase sempre, com a conquista do poder e dos dividendos que tais posições podem auferir. É fato, então, que esses não se sentem nem um pouco vinculados com a ética e a moral, e quando contrariados em seus interesses perdem totalmente a decência – do latim decentia, o recato, a compostura de cada pessoa. O conceito permite fazer referência à dignidade nos atos e nas palavras. Sem qualquer constrangimento, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), alvo da Operação Registro Espúrio, chamou o ministro Edson Fachin, relator da investigação no STF (Supremo Tribunal Federal), de vagabundo numa troca de mensagens de celular.
Três dias após a Polícia Federal cumprir os primeiros mandados expedidos pelo magistrado contra investigados do Ministério do Trabalho, ela comentava com o então ministro da pasta, Helton Yomura, a possibilidade de o ministro ressuscitar o imposto sindical – o tributo foi extinto no ano passado pela reforma trabalhista. A deputada, sem o menor pudor, dispara: “Olha esse vagabundo mostrando pra que veio”. O ministro é o relator de ação que questionava a constitucionalidade da mudança na legislação. Ele decidiu, no entanto, enviar o caso para análise do plenário do Supremo.
O pior é que vemos estes desmandos, oportunismos o tempo todo, como o que aconteceu recentemente, quando a Câmara Federal desfigurou completamente a Lei das Estatais, gerando a oportunidade de se nomear para direção de tais empresas até seus próprios parentes, o que antes era vetado. Tais indecências nos geram um sentimento de impotência diante do que vemos que esses senhores são capazes de fazer em causa própria, inclusive buscando blindar a si mesmos, em questões de ilícitos praticados. São capazes de mudar leis sérias, para gerar benefícios bandidos.
Precisamos levar sem tréguas, como um compromisso cívico, o combate à corrupção e aos desmandos em nosso país, pois, infeliz e efetivamente, a minha geração e a seguinte, estou certo, não presenciaremos melhoras neste campo, uma vez que vemos a corrupção banalizada, em uma espécie de normalidade na estrutura de poder no Brasil, mas precisamos pensar em nossos netos, a fim de que tenham um lugar melhor e mais justo para viverem. E para tanto se faz indispensável a valorização do voto, como um mecanismo de mudança, de revisão de atitudes em nós mesmos, para uma mudança em nossa sociedade.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz