Recentemente, uma chamada influenciadora digital tornou público que foi contratada para fazer militância para políticos específicos, só gerando notícias positivas; um dos presidenciáveis teve revelado que 33% dos perfis que o seguem pelas redes sociais são falsos e controlados por computadores. Estamos vendo, assim, que as redes sociais já estão sendo manipuladas de todas as formas, a fim de garantir condução a determinados objetivos eleitorais. Esses políticos, não se engane, sabem muito bem o que estão fazendo e já evidenciam sua ética com ações supostamente fraudadas. Eles não buscam, certamente, saturar a população com notícias, nem sempre verdadeiras, mas sim colar uma espécie de onda, de contágio, para forçar decisões de perfilhamento, por parte daqueles que se deixam influenciar por tendência de maioria. São poderosas formas de influenciar tomadas de decisão, muito conhecida pela psicologia comportamental. Essa forma de influência é conhecida como a teoria do nudge, também identificada como teoria do empurrão, que afirma que as nossas escolhas são afetadas por interferências externas indiretas. É o “empurrãozinho” que faz com que decidamos, mesmo sem nos darmos conta.
Os nudges são desenhados para direcionar um comportamento que é voltado para o interesse de quem está tomando a decisão da manipulação, pois não se preocupa em esclarecer, mas em uniformizar vontades. Tomam-se aspectos contextualizados de uma ideia, mas sem ter necessariamente ligação com o interesse geral, sempre com o objetivo de que as pessoas tomem decisões apressadas, ao invés de analisar as informações disponíveis, para fazerem escolhas que estariam mais de acordo com o objetivo que gostariam de ver em ação.
Não nos damos conta de que estamos sendo influenciados por sugestões, que podem ter apenas uma aparência de verdade. É, por exemplo, o anúncio no cardápio que a picanha é mais cara porque é argentina. Não tenha dúvidas de que você está levando aí um empurrãozinho para decidir por ela, porque é a melhor. Será sempre? Mas com certeza será a mais cara.
Achamo-nos muito independentes em nossos posicionamentos, pensamentos, mas, em verdade, temos um instinto natural de adotar um “comportamento de manada” e seguir as massas, e esses empurrõezinhos são determinantes para aderirmos a algo, pelos detalhes, como fazem as lojas online, por exemplo, que podem usar uma fonte maior para que um produto mais caro se destaque das opções mais baratas, ou rotular um item como a “escolha mais popular” entre os clientes, pois gostamos de saber da opinião dos outros na escolha de alguma coisa. Em última análise, parece que vamos nos deixando contaminar por ondas e, com isto, perdemos o sentido da análise.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz