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15h00

Foi democrático?

Recebi, através das minhas redes sociais, alguns questionamentos porque não havia feito comentário algum sobre os resultados das eleições. Em verdade estou em viagem doutrinária pela Austrália, e a diferença de fuso horário é de mais de 12 horas, mas vamos lá: ouvimos durante toda a campanha, de um lado e do outro, um falar sem fim de democracia, da necessidade de se preservar a democracia. Tudo bem, claro, legítimo. Mas o que é mesmo democracia? Em resumo: é a prevalência, pelo voto, da vontade da maioria? Então, o que houve nas eleições foi ou não a vontade da maioria? Se houve ilegalidade (disparos de whatsapp), que se investigue, mas parece que nada está provado de que houve. Sendo assim, quem ganhou na vontade do povo, em sua maioria, com mais de dez milhões de votos foi Jair Bolsonaro, lidimamente eleito e com expressiva vantagem. Penso ser simples assim.

É preciso, por outro lado, que o presidente eleito seja veemente em rechaçar qualquer arbítrio que venha de encontro a princípios da dignidade humana, pois possivelmente muitas ações extremadas serão a ele imputadas. Vimos, por exemplo, recentemente, um travesti ser morto em São Paulo e esta morte ser atribuída a seguidores de Bolsonaro. A polícia civil paulista, no entanto, elucidou o crime, afirmando que não houve motivação política alguma, afirma o G1. Da mesma forma, não poderemos dizer que o atentado a faca sofrido por Bolsonaro teve motivação política, só porque o criminoso foi filiado ao PSOL, apesar do general Heleno achar em contrário. Ficou claro seu desequilíbrio mental. Qualquer ação suspeita de intolerância precisa ser profundamente investigada e esclarecida.

Democracia não vale apenas para a minha vontade, mas, claro e sempre, para a da maioria, aceitando ou não o que ela (a maioria) decidiu. Entendo, por outro lado, que o discurso de resistência é incabível, uma vez que o Brasil não foi invadido por pais estrangeiro algum. Resistir o quê? Cabe, assim, oposição, fiscalização de cumprimento de propostas, por parte de quem não viu os seus ideais e ou ideologias vencidos. Sabotagem, não. Seria ser contra o Brasil. Seria rancor. 

Sou aqui levado a relembrar, o que já disse em outro artigo, que em 2013, o então governador da Bahia, Jaques Wagner, fez uma reunião na Governadoria, a fim de ouvir alguns líderes religiosos sobre as manifestações de junho daquele ano. Lá estávamos mãe Stella, D. Murilo, eu e alguns outros líeres. Na oportunidade da minha fala, chamei à atenção de que o foco estaria, entendia, na corrupção, no cansaço do povo pelas notícias de desmandos, e que aquela onda iria crescer. Fui pregador solitário. Os outros talvez por quererem ser agradáveis ao governador, se posicionaram dizendo que ainda estava tudo muito nublado. Insisti. Continuei sendo voz solitária. Nas eleições de 2014 não houveram repercussões. Todos pensaram que tinham sido atos isolados os de 2013. Mas a onda cresceu e virou tsunami. O Brasil quis algo novo. Não sei se para o bem ou para o mal, o tempo dirá. Vamos esperar e ver, pois qualquer consideração de possíveis ações serão suposições, ilações, conceitos pré-estabelecidos. Os políticos são pródigos em seus discursos de falar o que segmentos desejam, mas na prática, na realidade os processos se ajustam, modificam-se. Assim foi com ambos os finalistas da peleja. Um lado e outro foram ajustando programas, falas à medida que sofriam criticas. Então, aguardemos, pois.

* José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.
 

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