Comunicar e ser comunicado são buscas permanentes do ser humano e indispensável ao convívio. Efetivamente, o mundo globalizado gerou um sem-número de possibilidades de comunicação, mas, inegavelmente, a imprensa livre, respeitada e responsável ainda se constitui uma necessidade imprescindível para a informação de valor, de credibilidade. Dito isso, não há como não repudiar, não é uma questão de apenas lamentar, como vimos por partes de muitas autoridades públicas, mas, repito: de repudiar e agir contra toda e qualquer agressão, seja ela a quem for, principalmente, diante de necessidade de informações reais, aos representantes da imprensa, como vimos nos episódios diante da sede do governo federal no último fim de semana. O lídimo e necessário processo de comunicação sempre enfrentou dificuldades e foi preciso superar obstáculos em todo o trajeto da História, inclusive no Brasil. De um modo geral, ocupantes de posições de mando, e desassociados de ideais coletivos, buscam na censura do pensamento e das livres manifestações abafar conteúdo que se gera com a informação de valor, pois, em geral, esses senhores só queriam e ou querem apenas uma “verdade” que não podia ser questionada, tentando fazer que as demais verdades se tornassem mentiras. Buscam manipular a informação, o registro dela como se pudessem conter o anseio de saber, de conhecer da natureza humana. A manutenção da imprensa livre é dever de cidadania. Vejo, por exemplo, que recentemente a imprensa divulgou uma ação que tramita no Supremo Tribunal Federal desde 2017, posta em julgamento, onde se tenta derrubar regras e disposições do Ministério da Saúde e da Anvisa, proibindo doação de sangue de homossexuais com menos de um ano depois da última relação sexual. Um absurdo que só chegou ao nosso conhecimento graças à imprensa. Momentaneamente, está vencendo a derrubada desta excrescência, pois ainda não terminou o julgamento e os que já voltaram poderão rever seus votos. Destaco, no entanto, o que disse o ministro Gilmar Mendes, que comparou a diferença de tratamento entre homens gays e homens heterossexuais, pontuando: “Os primeiros são inaptos à doação de sangue, ainda que adotem medidas de precaução, como o uso de preservativos, enquanto os últimos têm uma presunção de habilitação, ainda que adotem comportamentos de risco, como fazer sexo anal sem proteção”. Pois é, a imprensa livre que nos traz essas informações, ajudando a formar o nosso conteúdo de discernimento sobre a sociedade e a heterogeneidade de seus valores. Lamento, no entanto, que o ministro Alexandre de Moraes indique que seja assegurada análise do sangue de homens gays doado e estabelecida uma janela imunológica segura.
Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz.