O ministro da Justiça, André Mendonça – o que a promessa de uma vaga no Supremo Tribunal Federal não faz –, determinou que a Polícia Federal intimasse o jornalista Hélio Schwartsman, com base na Lei de Segurança Nacional, por ter escrito um artigo e publicado no jornal Folha de S.Paulo, com o título: “Por que torço para que Bolsonaro morra”. Infeliz abordagem, pois o desejo puro e simples pela morte de alguém retrata uma total ausência de possibilidade de deslocamento e ou solução do problema que se depara. O jornalista, em verdade, se apoiou no processo filosófico conhecido por consequencialismo, cuja teoria ética defende que o fato, a ação moral não é meramente a intenção, mais o resultado dela, a sua consequência. O jornalista remetia, claramente, ao que ele julga benefício, em face do descaso do presidente diante da pandemia do coronavírus, onde o Brasil já perdeu mais de 114 mil vidas. A investigação aberta é de consistência igual a de castelo de cartas, haja vista que o objeto, imagine, é sobre um artigo, que evidencia um desejo, talvez até nem sincero, mas como contraponto a descasos e falta de empatia com o povo brasileiro e o seu momento de insegurança com a Covid-19. Não é de se esconder, haja vista a insistência do presidente em negar, desconsiderar, a pandemia e para tanto, fato, ele sempre a minimizou, possivelmente, em suas possíveis avaliações, a sua estratégia de reeleição estava comprometida, em face do esfacelamento da economia. Conceber que a vontade de uma pessoa, expressada apenas em uma linha argumentativa, gerará desequilíbrio à segurança nacional é, no mínimo, infantil. Infelizmente, a bajulação é para muitos requisito essencial na lida com egos inflados, que precisam ser sempre acariciados para se encontrar alguma vantagem. Lamentável. A aposta dos políticos de plantão, não atingindo a todos, claro, é a memória superlativamente curta do povo brasileiro, pois a desfaçatez está sendo mercadoria de primeira linha para o consumo deles, sem qualquer constrangimento. Quem não se lembra que, em 2015, o então deputado Jair Bolsonaro desejou à presidente Dilma Rousseff: “Eu espero que acabe hoje, infartada ou com câncer, de qualquer maneira”, pois é, o presidente se esquece o que fez e se ofende com o mesmo que a ele é feito. Parece que por sistema o presidente busca abafar a imprensa, os seus prepostos. Nesta semana disse que desejava encher de porrada um jornalista que cumpria o seu papel de esclarecer fatos do interesse público; depois usa palavra chula em um evento oficial para dizer que os jornalistas com a Covid-19 morreriam se a contraíssem. Navega na popularidade das últimas pesquisas, sendo o que ele sempre foi.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz