Falar de cristofobia no Brasil é trabalho de implantação de uma narrativa falsa, de fake news com objetivo de sustentação de questões ideologizadas, principalmente no campo de uma tal agenda de costumes, que tenta impor princípios de grupos como necessários à estruturação sociais para todo um país. No Brasil o princípio de verdade infelizmente tem sido construído em cima de discurso de pessoas que guardam interesse na manipulação, em prestar um desserviço à verdade dos fatos, criando, assim, uma rede de ouvir falar que se transforma em conteúdos que muitos passam a ter como verdadeiros. Parece que está se perdendo a capacidade de analisar de forma independente e racional o que é jogado como verdade, mas que encoberta direcionamentos específicos para alguns grupos religiosos e ou de inclinação anacrônica, diante da dinâmica da vida e dos avanços da sociedade. Já percebo uma repercussão infeliz de uma narrativa de que o Brasil está passando por um processo cristofóbico. Balela. Como pensar no Brasil nesse tipo de perseguição se é um país de grande maioria católica e evangélica? O que vemos, em verdade, são políticos querendo fidelizar nichos de poder e voto de certos segmentos sociorreligiosos. É o tal jogar para plateia. Todos os anos, a ONG internacional Portas Abertas, que auxilia cristãos que sofrem perseguição religiosa, produz um ranking de 50 países onde seguidores do cristianismo são mais perseguidos por causa de sua fé – o estudo é feito a partir de relatos de incidentes de violência. Desde que a lista começou a ser feita, há 25 anos, o Brasil nunca apareceu entre os 50 primeiros colocados. O que estamos percebendo é a criação de uma falsa narrativa, que possa servir de anteparo a atos contrários ao respeito à cidadania da diversidade no Brasil, desqualificando, por exemplo, o crime do homofobia, implantando um direito de atacar o plural em nome de interpretações nada cristãs das letras bíblicas e ultrajando os direitos civis de ser. No Brasil, portanto, cristofobia não é conceito, é uma palavra criada para tentar barrar a realidade de perseguição, violência e preconceito que, em especial, sofrem as comunidades LGBTQI+, bem como religiões de matriz africana. Claro que há perseguições a cristãos em diversas partes do mundo, mas no Brasil, na América Latina, não. Onde aconteceu algum crime, violência contra alguém por essas plagas por ser cristão? Mas já não podemos dizer o mesmo em relação aos seguidores das religiões de matriz africana, que são ultrajados continua e permanentemente em seu direito constitucional de crença e realização de seus cultos. Lamentável como realmente as pessoas têm formado valores por ouvir falar, e não por realmente se informarem.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz