A sociedade baiana tem estado em perplexidade constante a cada notícia da Operação Faroeste, onde desembargadores, servidores públicos são presos, e buscas e apreensões feitas em casas de pessoas que deveriam ser guardiães das leis e da ordem social. Tudo muito lamentável. O fato, no entanto, é que estudos do comportamento evolutivo do homem e as suas resoluções no campo da moral, não importando a cultura, idade, classe social e religião, evidenciam que o homem é corrupto a princípio por natureza, mas tem o freio na certeza da ação das leis, logo dos seus representantes. Aqui corrupção não apenas em desvios de dinheiro, mas em toda a ação de busca de seus prazeres e realizações de desejos, antes mesmo de pensar em punições. Em outras palavras, não existem seres humanos corruptos, mas propensos, em uma sociedade corrupta na qual os Homens (espécie) sem parâmetros de ética e moral agem. No Brasil, tristemente, muitos agentes públicos veem a oportunidade do serviço como instrumento a se locupletarem, e tudo vai se normalizando, desde o simples jeitinho até os desvios bilionários. Não guardamos, de forma geral, um sentimento de respeito que não significa senão a consciência da subordinação da nossa vontade a uma lei, sem intervenção de outras influências sobre a nossa determinação de segui-las, infelizmente. Poderíamos avocar, para reflexão, a ética do filósofo Immanuel Kant, in Fundamentação da Metafísica dos Costumes e Outros Escritos, onde vemos como proposta de ação a autocoerção da razão, em junção de dever e liberdade, cujo pensamento deve estar sob vigilância contra a arrogância, o amor-próprio, como princípio absoluto de toda moralidade. Suas excelências, ao que tudo indica, não pensam assim. Kant vai mais adiante quando reporta que o dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei, eliminando, assim, todas as inclinações, todo e qualquer objeto de vontade que esteja, por conseguinte, fora da lei. Essa deveria ser a forma de o ser humano buscar e apreender os ideais da verdadeira liberdade, pois os fundamentos essenciais da vontade poderão ser torpes, dependendo do que vige na formação daquele indivíduo. Vemos, infelizmente, que a esses lidadores do Direito mais que, assim sinto, quaisquer outros deveriam reconhecer as leis com um sentimento de respeito, de consciência e subordinação das próprias vontades desviadas, sem a necessidade da própria intervenção das leis, do seu existir, impondo-se, algemando. A reverência às leis deveria ser a base do exemplo para si, seus filhos e a sociedade em seu geral. Todavia, vimos in casu filhos envolvidos no conluio. É a perda, em meu refletir, do total pudor ao sentimento de autorrespeito.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz