Tenho respondido ao longo deste ano de pandemia muitas perguntas sobre a eficácia da fé e da esperança. Não raro, as pessoas fazem confusão no sentido de uma e outra. A palavra Fé, no grego, registrada nos escritos originais é conhecida como pístis, e a palavra esperança é conhecida como égpsi, ou seja, a tradução acadêmica coloca nítida distinção de ação e consequência: a fé, portanto, é confiança, confiabilidade e comprometimento com aquilo que se evoca. Já esperança é colocar a expectativa em algo que já é esperado. Assim, fé é o imponderável, não se estabelece por força da religião, das crenças em si, mas estará sempre na força de quem a sente, independentemente da religião. Já esperança é uma espécie de espera com certeza da possibilidade. O fato, no entanto, é que ao chegar o fim deste ano tão inconcebível em seu início, vemos que uma e outra se tornam necessárias para alimentarmos a combustão das certezas de que a mudança de calendário trará também novas perspectivas de bem-estar, de paz. Independentemente de se ter fé e ou esperança, fato é que o abrigo desta expectativa positiva gera acenos de que tudo ficará melhor e ficará sim, não por alienamento de realidade científica, mas exatamente pelo contrário. Já há estudos realizados na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, mostrando queareligiosidade fortalece, dá fôlego a doentes, inclusive quem luta contra o câncer. Nos Estados Unidos, uma pesquisa desenvolvida pela Universidade de Duke, na Carolina do Norte, comprovou que pacientes que se valem de práticas religiosas apresentam 40% menos chances de sofrer depressão durante o tratamento não apenas do câncer, mas das doenças em geral. Ao que tudo indica, a fé representa um reforço para o sistema imunológico. Ora, é a ciência sinalizando que guardar fé, aos que creem, e esperança, supostamente aos que não, é sinônimo de fortalecimento interior, inclusive físico, para vencer as dificuldades que nos surgem. Estudiosos do comportamento humano afirmam que pessoas que encaram a fé e ouaesperança como apoio têm as incertezas atenuadas, as dores minimizadas e os conflitos apaziguados, diferentemente dos que não geram em si expectativa de confiança no melhor de forma alguma. Mande, então, 2020 embora, da forma que você crê ou não, mas guardando, de um jeito e ou de outro, uma expectativa em sua alma de que tudo será melhor, e assim será, posto que nos fará bem essa ambiência mental. Afinal de contas, quem já havia passado por situações que só este ano nos conferiu? Certamente, pouquíssimos centenários, mas os demais de nós sequer concebíamos. Plenifique-se na fé e na esperança, como quiser, mas guarde o otimismo de que as coisas melhorarão. Feliz 2021.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz