O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Adolfo Menezes (PP), divulgou nesse último domingo, 8, a criação da Comenda do Mérito Esportivo da Bahia. Em sua manifestação o deputado defende que a comenda é mais uma forma de estimular a prática esportiva. Sem dúvida alguma que reconhecer é ato de estímulo, porém mais estimulador para atletas é receber apoio, em forma de bolsa, para treinar, aperfeiçoar-se na busca de seus sonhos. É financiamento. Torna-se muito fácil, após sucesso e exposição, elogiarmos, homenagearmos esses brasileiros literalmente dispender suor, lágrima e sangue, sentarmos diante da TV, principalmente os senhores que têm compromisso de legislar e os que direcionam recursos públicos, e torcer, gritar... O fato é que não existem políticas públicas permanentes para apoiá-los, e o pior: depois lamentamos se não há ganho de medalhas. Chega a ser patético. A senadora Leila Barros (sem partido-DF) participou de três Olimpíadas como integrante de seleção feminina de vôlei, em pronunciamento na última quinta, no Senado Federal, afirmou que dos 309 atletas brasileiros em Tóquio, 131 não têm patrocínio, 36 realizaram permutas, 41 promoveram “vaquinhas” para arrecadar recursos, 33 conciliam o esporte com outro emprego e 78 nem sequer estão incluídos no programa Bolsa Atleta. E mesmo assim foram e bateram mais um recorde em conquista de medalhas em Olimpíadas. Exemplo vergonhoso para o Brasil, Darlan Romani, por exemplo, que em Tóquio conquistou a quarta colocação no arremesso de peso, treinava no quintal da sua casa e o técnico orientava por telefone. Muito triste. Fato é que desde 1998, a partir da sanção da Lei Pelé, compete ao governo federal apresentar periodicamente o Plano Nacional de Desporto, o que até hoje não foi feito. Precisamos cuidar das manifestações de interesse das bases juvenis, inspiradas por este momento de orgulho nacional, apesar de tanta incúria pelos entes de gestão pública. Já passou da hora de se consolidar, estruturar uma ação política de fomento ao esporte, em todas as suas vertentes, apoiando financeiramente e não apenas com comendas. É preciso tutelar esses atletas de alto rendimento até o pódio e não quando vê-los descer, buscando-os para uma foto, a fim de postar nas redes sociais. Bem fez a Fadinha Rayssa, que avisou antecipadamente que não iria tirar foto com político algum. Mas se pode tentar recuperar, pelo menos na Bahia, o tempo perdido na negligência, cobrando a promessa feita, por exemplo, do governador Rui Costa, que em 2016, quando o baiano Robson Conceição foi ouro no boxe, construir um centro de treinamentos para novos talentos. Cobrança pública feita pelo campeão, quando Rui parabenizou o feito do outro baiano, Herbert Conceição. Será que agora vai?