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12h00

Voz silenciada

No dia em que a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, afirmou, em seminário do TSE sobre presença de mulheres na política, que elas são “permanentemente silenciadas” e que “não são invisíveis, mas, sim, invisibilizadas”. O advogado preso em flagrante pela morte de uma jovem de 21 anos, tem reconhecida a “prova da existência do crime”; “indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade do preso”, segundo o juiz da Vara de audiência de custódia da comarca de Salvador, em sua decisão da prisão preventiva, mas, ao final, determina “permanecer custodiado em sua residência”. Pois é, depreende-se que efetivamente o raciocínio entranhado é de que a mulher está em nível inferior ao homem, neste tão falado, estudado, comentado, porém até estimulado machismo institucionalizado. O pensamento é que as mulheres devem fazer o que certos homens querem, obedecer às ordens dadas, não contrariar vontades, caso contrário sofrerão abusos até possivelmente a morte.

A sociedade dá sempre de forma velada, retórica ou às escancaras reforço deste verdadeiro sistema, haja vista que estudos evidenciam que homens matam mulheres simplesmente porque são mulheres, e o pior: encontram justificativas para os assassínios. Justificativas dadas pela grande maioria dos homens, mas, lamentavelmente, também, por muitas mulheres. O episódio da morte da jovem Kezia evidencia tais princípios, basta qualquer mínima consulta a manifestações das pessoas nos sites que divulgaram o homicídio. Muitos na mídia buscaram, inclusive, considerar que a jovem assassinada era de uma subclasse de humanos, em o momento que tentam dizer que se tratava, supostamente, de uma garota de programa, como se isto fosse justificativa para ser morta, assassinada. Li, em um dos absurdos, que ela “era cúmplice da própria morte”.

Era de se esperar que o corporativismo de classe atuasse na busca da liberdade de seu membro, ainda que não retrata, de forma alguma, a posição da maioria dos advogados, mas que a sociedade ainda tenha uma parcela a se posicionar que “ela buscou isto”, é terrível. A moça foi assassinada, é vítima, mas é o tal império das narrativas. Não importa. Parece uma espécie ele é um de nós, mas ela é periferia da bolha, da “nossa” casta. Ao que parece houve repetição do velho “ela queria terminar o relacionamento por 'privação de liberdade', diz irmão da assassinada, mas ele não.

A verdade, ao que tudo indica, que será mais um desses casos que se arrastarão na justiça brasileira, onde ao final o acusado poderá não ser inocentado, haja vista que já existe uma culpa formada, todavia será minimizada a condenação porque as “narrativas” culparão a vítima por ter morrido. Esperemos.

José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz medrado@cidadadaluz.com.br

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