O Papa Francisco é, de fato, um revolucionário. Busca, jeitosamente, modernizar, ressignificar algumas questões da Igreja Católica, naturalmente que sofre inúmeras resistências dentro da própria estrutura de Roma, gerando desconfortos nos conservadores e até dos próprios fiéis. É chamado de comunista constantemente. Imagina! Em verdade, ele está evidenciando o que deve ser, entendo, a postura de um verdadeiro cristão, ainda que sob as imperfeições que todos temos. O papa não é infalível. O seu último lance nesse tabuleiro das ideologias e ranços que as religiões têm, inclusive a que ele lidera, foi a de convidar o jesuíta americano James Martin, conhecido por defender os católicos que fazem parte da comunidade LGBTQIA+, para participar do Sínodo dos Bispos, que será realizado em outubro deste ano. No encontro, o Papa Francisco se reunirá com bispos católicos do mundo todo para discutir questões importantes para a Igreja Católica. O nome de James está na lista de convidados divulgada pelo Vaticano, na semana passada.
O surpreendente, inclusive, é que o papa só concretizou uma vontade que se caracteriza como a da maioria dos católicos, haja vista que foi feita uma sondagem com católicos de diversos países que indicou que os fiéis gostariam de ver atitudes concretas em relação à “inclusão radical” da comunidade LGBTQIA+. O Papa Francisco, que é jesuíta também, tem ao longo do seu pontificado evidenciado uma preocupação bem direcionada para esse grupo. Uma das questões debatidas nesse sínodo será justamente como dar as boas-vindas à comunidade LGBTQIA+ na igreja.
Os espaços públicos, de cidadania e religiosos, precisam modificar as características que carregam, onde imperam o preconceito e a discriminação, por mais paradoxal que seja, fazendo com que muitas pessoas LGBTQ+ se sintam inseguras, onde deveria haver acolhimento, respeito, sem qualquer exclusão ou interesse que não seja o humano, o verdadeiro sentido de cidadania e religiosidade. Infelizmente, e não entendo, a maioria dos cristãos ainda apoiam atitudes, situações que discriminam e segregam a homossexualidade, e isto precisa acabar. O número de pessoas LGBT+ assassinadas no Brasil em 2022 mantém o país no topo mundial, como o que mais mata, sendo que já éo14º ano consecutivo. Foram 242 homicídios – ou uma morte a cada 34 horas, onde a maioria das vítimas têm idades entre 18 e 29 anos. A expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos. Pernambuco, com 13, foi o que registou mais assassinatos, e São Paulo, que é historicamente o que reúne o maior número de vítimas, ficou em segundo lugar, com 11, tal como o Ceará. Em relação a Pernambuco e Ceará, o Nordeste é a região brasileira com mais homicídios.