Muita gente ficou, digamos, admirada com a quantidade de fãs que se aglomeraram, para clamar por Deolane quando foi presa. Pessoalmente, até então, eu não tinha a menor ideias de quem fosse, certamente por desinformação mesmo. Houve até quem divulgasse greve de fome. Deolane poderia ser uma forma de existir, um exemplo, de muitos que caminham por aí, que, inclusive, temos contatos: políticos, religiosos, amigos, familiares que desenvolvem o pouco conhecido “complexo de Eróstrato”, que é usado para indicar aquelas pessoas que procuram se destacar a todo custo, que querem se distinguir e ser o centro das atenções, mas em vez de desenvolver suas qualidades e habilidades para realmente agregar valor, elas destroem ou constroem uma personalidade fictícia, priorizando as aparências, evidenciando a construção de um personagem fictício para fazer com que os outros acreditem – ou se afirmem na crença – de que são bem-sucedidas e importantes. Para atingir seus objetivos, não hesitam em inventar ou adornar excessivamente situações de todos os tipos que lhes permitam transmitir a ideia de que levam uma vida feliz e bem-sucedida.
Deolane desperta uma ideia estranha e sob muito aspecto doentia, do que alguém pode também, fazendo uma projeção na vida das pessoas do que elas gostariam de ser também. É tão falada, comentada e pouca atenção dada ao fator doentio da tal vida falsa. Onde, muitas vezes, tudo é falso até as roupas e bolsas que envergam com etiquetas famosas. Não tendo aquela vida sob os holofotes, busca-se imitar os que têm, em hábitos, usos e costumes. Vemos, assim, pessoas de todos espectros sociais sofrendo a influência dessa estética e hábitos. Aí surge o problema social: Se uma dessas minhas referências e catalizadoras de meus sonhos de ser sofrer algum revés, inclusive, da justiça, não posso aceitar. Vou brigar por essa pessoa, pois em verdade estarei brigando pela manutenção do meu sonho, da minha ilusão.
As Deolanes sempre serão projeções do que muitos querem ser ou ter, disse o escritor francês La Rochefoucauld: “Estamos tão acostumados a nos disfarçar para os outros, que no final nos disfarçamos.”, e não saberemos quem somos. De fato, é comum que essas pessoas fiquem presas na máscara que construíram, são vítimas delas mesmas e saem contaminando outras vítimas em seus delírios de ser, vivendo e se relacionando com a sua personalidade inventada, copiada, imitada...da superficialidade e das aparências, sem poderem estabelecer relações sólidas e profundas, pois estão sempre escondendo o seu verdadeiro “eu” e se relacionam por meio de personalidade inventada. A busca por aceitação e adaptação corroe nossa identidade e enforca a grandeza do que somos, pelo que passamos e superamos. Lembro-me o que disse Deolane ao chegar em casa, em um vídeo, após ser liberada da cadeia: “Voltei a ser rica...”.
Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.