Os historiadores afirmam, com razão, na própria cronologia de formação do Estado brasileiro, que a nossa República surgiu e guarda, por parte de segmentos militares, um pendor para o golpismo. Vejamos: em 1891 o inaugurador da República brasileira, marechal Deodoro da Fonseca, enfrentando uma inesperada oposição, dissolve o Congresso e decreta estado de sítio, a Marinha reage, sendo a primeira revolta da armada e surpreendentemente Deodoro renuncia e assume o seu vice, o marechal Floriano Peixoto, que seguindo o que regia a Constituição, deveria convocar eleições imediatamente. Não o fez. Aboletou-se no poder, manteve o estado de sítio, gerando, então, a segunda revolta da armada, o que levou o presidente de plantão, literalmente, a executar os seus oponentes políticos. Criou-se ali o florianismo, com ações autoritárias e persecutórias.
Em 1937, surge o autogolpe na história republicana, Getúlio Vargas, presidente, chegou ao poder através de outra ação militar, a chamada Revolução de 30, que destituiu Washington Luiz e impediu Júlio Prestes, o vencedor das eleições, de tomar posse. Getúlio Vargas apresenta à nação uma fake news para dizer o que o Brasil deveria fazer caso o poder comunista internacional tentasse tomar o país. Decreta aí o Estado Novo, criando a ditadura e permanecendo no poder por oito anos. Vejam que a história busca se repetir. Em
1945 foi destituído pelo seu ministro, Gaspar Dutra .
Acontece em 1964 o golpe militar, que sobejamente já sabemos a sua nefasta ação. Castelo Branco dá outro golpe, aumentando o seu mandato; em 1968 há o autogolpe na ditadura com o advento do famigerado AI-5, que fecha o regime e permite a tortura como prática oficiosa; em 1969 o presidente Costa e Silva tem derrame e falece, o Exército impede que o vice-presidente civil assuma. Surge uma Junta Militar governando até a chegada de Medici. No ano de 1977 Geisel anuncia a abertura, divulga que o general João Figueredo o sucederá. Acontece, então, outra tentativa de golpe pelo ministro do Exército, Sílvio Frota, que fracassa.
Assim, não dá para minimizar a gravidade do que aconteceu no Brasil, pois temos uma democracia e assim deverá continuar com a vigilância de todos. Os fatos precisam ter nomes precisos: tentativa de golpe já é crime. Muitas críticas são feitas e até precisas ao Supremo Tribunal Federal, porém cabe a ele manter a vigilância institucional da Constituição, principalmente quando é atacada, e a todos nós o dever de preservar os direitos conquistados, muitas vezes em sangue e sacrifícios do povo, inclusive na manutenção da vontade da maioria pelo voto. Não nos enganemos, muitos podem não ter vivido, não leram, mas autocratas são narcisistas que só pensam em si e nos seus.
Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.