Claudia Leitte voltou a estar no centro de uma controvérsia nas redes sociais após um vídeo antigo ressurgir, quando a cantora substituiu mais uma vez o nome de Iemanjá, o orixá das águas, na letra da música "Caranguejo". A substituição se deu no sábado (14), durante o primeiro show de ensaio de verão da artista no Candyall Guetho Square, em Salvador, onde fica a sede da Timbalada - banda criada por Carlinhos Brown. O trecho modificado que faz referência a Iemanjá, foi alterado para citar "Yeshua". A canção original, um dos sucessos da banda Babado Novo, diz: “Maré tá cheia, espera esvaziar, joga flores no mar, saudando a rainha Iemanjá”. No vídeo, em vez de citar a orixá das religiões de matriz africana, a artista canta "só louvo meu Rei Yeshua", nome de Jesus em hebraico.
O fato agora que precisa ser mais explicado, inclusive, pelo prefeito Bruno Reis, é a saída do secretário de Cultura e Turismo de Salvador, Pedro Tourinho, que usou as redes sociais, para fazer críticas após a apresentação da cantora, que todos sabemos evangélica, ter feito a alteração da letra da música. Naturalmente, ele não a citou nominalmente, mas todos sabíamos de quem se tratava. Direito inquestionável do secretário que guarda compromisso com os valores culturais de Salvador, inclusive na obrigação de defender este patrimônio. Causou-me, no entanto, espécie em pouco tempo depois do ocorrido, com grande repercussão, o secretário anunciar a sua saída da prefeitura de Salvador. Fato ocorrido no último domingo. Pode ter sido grande coincidência, mas que pessoalmente achei estranho, achei. Claro que com novo mandato no Executivo, natural realinhamento de forças apoiadoras do prefeito, mas sem anúncio de novo secretariado, e logo após a crítica feita veladamente a Cláudia Leitte soa, no mínimo, estranho. É sabido por todos que a cantora perfila em fé a poderosa bancada evangélica, em todos os níveis da estrutura do Estado brasileiro, e vem se fortalecendo e impondo suas pautas de costumes há muito tempo. Assim, não me soa nada estranho que o prefeito tenha sofrido pressão desta força política para “se livrar” do secretário “inconveniente”.
Quanto à polêmica em si, já me manifestei, e penso ser um absurdo violar a letra de uma música para fazer bonito a um segmento, maculando, mais uma vez, o sentido de um estilo de música que já traz em seu nome, Axé, a sua essência e sentido. A veterana cantora poderia deixar de cantar as músicas que julga discordante de sua fé, encomendando letras mais, digamos, condizentes com suas crenças, mas mudar!!!! É atentatório, sim, pode até não ter sido por racismo religioso, mas se enquadra. Caranguejo é uma composição de Alan Moraes, Durval Luz e Luciano Pinto, que trabalham há muitos anos com a cantora. Certamente, por isso não se manifestam.
Respeito é algo tão simples de se ter. Dizer que é uma bobagem soa de uma insensibilidade sem tamanho. Os famosos precisam também ser alcançados pela força dos regramentos legais.