Nesses dias em que a cristandade, em especial a católica, mas os de outras vertentes também, nos engajamos na reflexão da vida e morte de Jesus, vemos o nosso País embarcado em uma visão mais que distorcida, em verdade adulterada do que seja efetivamente viver o Cristo. Das lições crísticas das que mais me revelam o conteúdo até certo modo antirreligioso, para os que acham que Jesus fundou alguma religião, ou ainda, que pensam ter a propriedade de Sua vida, dos Seus legados, é a parábola do Bom Samaritano. Uma crônica que desvela qual deve ser o compromisso de quem se arvora a se chamar de cristão. O bom samaritano, que ajudou um homem ferido, mesmo sendo de um grupo considerado inimigo pelos judeus, demonstra que a bondade e a empatia devem prevalecer sobre preconceitos e divisões. Além disso, a parábola nos lembra que devemos agir e ajudar aqueles que estão em necessidade, não apenas sentir compaixão. A mensagem central é da compaixão e do acolhimento, sem qualquer laivo de restrição, de segregação.
Jesus frequentemente desafiava as autoridades religiosas e políticas de sua época, promovendo uma mensagem de inclusão e cuidado pelos marginalizados. Criticou os fariseus e os saduceus, grupos religiosos da época, por sua hipocrisia e por se apegarem rigidamente às leis sem compreenderem o verdadeiro espírito delas. Jesus era um progressista, subversivo, no sentido real dos adjetivos, sem pejorativo,
ou há alguma dúvida disto diante das suas posições esposadas na parábola em análise ou mesmo se evocamos o Seu encontro coma mulher da Samaria? Com a adúltera? Jesus morreu por questões política-religiosas de sua época. Razão pela qual vejo de forma preocupante a junção que estamos testemunhando, no entrelaçamento da política com a religião, de forma a dar a impressão de um processo de sedimentação de uma teocracia, baseada em fundamentos hipócritas e demagógicos. Jesus esteve à frente do comportamento do Seu tempo. Aqui insiro a visão de um dos segmentos cristãos: o Espiritismo, que comungo há 49 anos, que guarda suas raízes progressistas, de forma clara, como vemos em “A Gênese”, de Allan Kardec, apresentada de várias formas, principalmente no capítulo I,55: “...a Doutrina tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente progressiva, como todas as ciências de observação.”
Vemos esses valores progressistas em toda o terceiro livro de O Livros dos Espíritos, quando enfatiza nas Lei da Igualdade e do Progresso as suas bases de respeito ao outro, enfatizando a importância do aprendizado e do desenvolvimento contínuo. Não se trata de partidarismo, mas de entendimento de um projeto de Humanidade trazido por Jesus, mas a melhor religião sempre será aquela que lhe fizer melhor, diz o Dalai Lama, budista.
José Medrado possui múltiplas faculdades mediúnicas, é conferencista espírita, tendo visitado diversos países da Europa e das Américas, cumprindo agenda periódica para divulgação da Doutrina, trabalhos de pintura mediúnica e workshops, escreve para o BNEWS e o jornal atarde.