Faço parte de um grupo de WhatsApp de mestres e doutores em diversas áreas do comportamento humano, e sempre alguém lança uma discussão sobre algum tema. Semana passada foi posto um print feito a partir de um seguidor do presidente da República, que se autoproclamou bolsonarista de raiz (não existem embates, mas sempre estudos, sem vieses ideológicos, mas de ciências comportamentais), garantindo que a cizânia entre o seu ídolo e o ex-ministro da Justiça deixaria claro logo mais que o ídolo estava certo, pois sempre está.
Fanatismo é um estado psicológico de fervor excessivo, que não cogita com possibilidade alguma de o seu alvo (do fanático) guardar um sentido incongruente de ser e é persistente, ou seja, o fanático vai persistir no alvo da sua idolatria, fazendo o que for, o seu ídolo estará sempre certo.
Assim, qualquer posição em que a pessoa vai para o extremo, se vê, quase inexoravelmente, a perda de sentido racional, de coerência e bom senso que, em geral, não farão parte de análise reflexiva alguma do fanático. É um distúrbio frequentemente paranoide, cuja a apaixonada adesão a um ser ou causa pode tisnar com o delírio.
Muitos especialistas consideram o fanatismo como uma resposta à insegurança e o medo ao julgamento dos demais, razões pelas quais eles (os fanáticos) buscam o grupo tal onde todos pensam como eles, acolhendo-os, fugindo, assim, de qualquer forma de exposição dos seus processos, inclusive de rejeição, diante do histórico de relação que guarda recalcado, se não estiverem com os “seus”. A pessoa se encerra em convicções absolutistas e inquestionáveis para não ter que lidar com os seus próprios questionamentos.
Estudos evidenciam que a persistência de um fanático é como uma marca de fogo em sua alma, ou seja, ele buscará sempre formas e contextos para justificar os seus ídolos e desqualificar quem se colocar contra ele (o ídolo). Vê-se uma estrutura permeada por distorções cognitivas, onde sempre apareceram o nós contra eles, sendo eles quem forem.
Sem o fanatismo será uma espécie de cegueira da própria identificação como ser individual e possuidor de livre arbítrio ou livre escolha. O fanático extremista não se possue, pois se torna a causa ou pessoa que defende, e aí sejam familiares ou pessoas amigas a ruptura poderá ocorrer se essas pessoas tentarem “abrir os olhos” dos fanáticos.
Infelizmente, o fanatismo político pode chegar a um extremo de defesa de ações, atitudes do ídolo de tal forma que o fanático não consegue criticar o próprio pensamentos e ideias e todos os absurdos que os seus ídolos fizerem, cometerem eles verão como certo e até como ideal a seguir.
Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.