Recebi de um amigo um vídeo, onde uma menina, não mais com 15 anos, demonstrando a sua indignação por banheiros femininos serem usados por mulheres trans, afirmando, inclusive, que isto é coisa de esquerda.
Relata que já houve estupro em banheiro, quando um homem entrou com saia, diz ainda que uma menina foi reclamar de uma outra trans e teria sido agredida por esta.
Vamos lá: Uma mulher transgênero (mulher trans) é uma pessoa que nasceu com o sexo biológico masculino (como homem), mas se autoidentifica como uma mulher.
Ao contrário, um homem transgênero (homem trans) é uma pessoa que nasceu biologicamente mulher, mas que se identifica e se sente um homem.
O Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, de São Paulo explica que a transgeneridade é uma questão biológica e depende dos hormônios que atuam durante a gestação.
Com isso, ser trans não tem a ver com o meio e, portanto, não é motivo de “culpa” de ninguém. Transgênero: do inglês transgender, é um termo mais genérico e abrange todas as manifestações de gênero que não estão de acordo com o sexo biológico; transexual: quando há uma incoerência marcada entre o sexo biológico e a identidade de gênero.
Nesse caso, a pessoa pode buscar por mudanças corporais para que o físico coincida com o gênero que ela se identifica na mente; travesti: pessoa cuja identidade é feminina ou masculina, mas não busca por mudança corporal completa. Segundo pesquisadores, o indivíduo mantém atributos do sexo de origem e isso tem finalidade sexual.
Voltando à adolescentes, que este amigo encaminhou para mim, inclusive com a legenda “uma adolescente raridade nos dias de hoje” – ainda bem – totalmente equivocada na tal lógica avaliativa.
Uma menina trans, geralmente, o foco de desejo dela não é outra menina, mas um menino. A identidade de gênero dela é menina, ela só tem o sexo biológico masculino.
Da mesma forma, um menino trans – tem sexo biológico feminino -, mas, em geral, será atraído por menina. Geralmente, pois se tratando de questões de identidade afetiva não se pode vaticinar coisa alguma.
A alegação de homem que estuprou, pois entrou no banheiro de mulher com saia, pelo amor de Deus, qualquer um doente pode fazer isto.
É lamentável que o discurso é sempre repassado por ignorância, desconhecimento absurdo. A Agência Brasil do governo Federal divulgou que em 2019 dados do Disque 100 mostram que foram registradas um total de 17.093 denúncias de violência sexual contra menores de idade.
A maior parte delas é de abuso sexual (13.418 casos), mas há denúncias também de exploração sexual (3.675). Só nos primeiros meses de 2020, o governo federal registrou 4,7 mil novas denúncias.
Os números mostram que mais de 70% dos casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes são praticados por pais, mães, padrastos ou outros parentes das vítimas. Em mais de 70% dos registros, a violência foi cometida na casa do abusador ou da vítima.
É muito desconhecimento alinhado com preconceitos, simples assim, mas o Brasil está assim: cristão é a favor de armamento; gay se diz conservador; negros contra cotas raciais, cientista contra vacina...
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz