Tenho percebido, faz muito, que todas as séries, todas, a única exceção foi Perdidos no espaço (pela obviedade do tema, acredito), que tenho visto na Netflix traz propaganda de cigarro com o uso recorrente, em quase todos os episódios. Chega a ser agressiva a propaganda que alguns chamam de subliminar, mas está às escancaras, sem qualquer pudor. Há uma vinculação permanente do cigarro com o estresse, com alegria...com tudo. Lamentável esse expediente, uma vez que estimula o uso o tempo todo. Não guardo dúvidas que aí há interesse, subvenção...será uma grande surpresa se não houver, ainda que não apresente marcas, mas o ato de ver alguém fumando, certamente desperta no fumante, ou quem está em luta contra o vício a vontade do uso. Passem a perceber.
O Brasil proíbe propagandas de cigarro desde 1996, com advento da Lei 9.294/1996. Em 2011, um novo aperfeiçoamento dessa lei foi trazido com a Lei nº 12.546, que passou a proibir a propaganda de produtos de tabaco nos pontos de venda. Na anterior podia.
O percentual de adultos fumantes no Brasil vem apresentando uma expressiva queda nas últimas décadas em função das inúmeras ações desenvolvidas pela Política Nacional de Controle do Tabaco. Em 1989, 34,8% da população acima de 18 anos era fumante, de acordo com a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN). Uma queda expressiva nesses números foi observada no ano de 2003, quando na Pesquisa Mundial de Saúde (PMS) o percentual observado foi de 22,4 %. No ano de 2008 segundo a Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab) este percentual era de 18,5 %. O percentual de fumantes no Brasil vinha caindo e tem relação com as principais medidas implementadas em nível nacional e local, como proibição de fumar em ambientes fechados, adoção de advertências sanitárias em embalagens de cigarros, aumento de preços e impostos, proibição de propaganda, promoção e patrocínio, oferta de tratamento para deixar de fumar em unidades do Sistema Único de Saúde e campanhas educativas. Naturalmente, que para o business isso tem impactado e gerado prejuízo. Não há santos nessas áreas, como, em via de regra, no campo empresarial de grandes conglomerados o que importam são os lucros e é, claro, o que fazer para impedir prejuízos. Já dados mais recentes do ano de 2019, a partir da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) apontam o percentual total de adultos fumantes em 12,6 %. Todavia, já se percebe um aumento a partir de 2016, pois a quantidade de cigarros legais consumida sofreu aumento: de 53,1 bilhões de unidades, para 55,8 bilhões de unidades sem contar, naturalmente, os cigarros ilegais.
As autoridades precisam estar atentas a essas propagandas subliminares sem querem realmente defender a sua população de uma nova estourada do uso do cigarro.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz