A omissão é uma escolha, é uma decisão, é um estímulo. Todo mundo viu ou está tomando conhecimento nesta manhã (13) que nesse domingo equipes da TV Bahia, afiliada da Rede Globo e da TV Aratu, SBT foram agredidas por seguranças e apoiadores de Jair Bolsonaro em Itamaraju, no sul baiano. Durante a confusão, a repórter Camila Marinho afirma ter sido vítima de um “mata-leão” por um dos seguranças do inquilino do Planalto, que tentava impedir que os repórteres aproximassem os microfones na direção de Bolsonaro. “Se bater de novo vou enfiar a mão na tua cara. Não bata em mim, não batam em mim”, gritou o segurança. Foi a partir daí que um dos admiradores do presidente da República puxou os microfones e partiu para a agressão. O presidente ficou sem intervir com energia diante dos seus seguranças.
Pude ver aqui nas do BNews os comentários dos internautas, chamando-me sempre a atenção os que apoiam qualquer tipo de violência, guardando, em geral, em seus perfis palavras de louvor a Jesus, a proclamação do Cristo e Suas virtudes, mas...dá sempre uma confusão em meu entendimento, quer dizer: mais ou menos. Jesus se tornou ponto de aglutinação, penso, não de convergência de ideais. Recordo-me sempre daquela passagem em Mt 23, 27-32. Chamou-me, no entanto, sobremaneira, a atenção um post, ao que parece de uma policial, pela foto na postagem, se for a própria, pois publicou, após suas considerações, que foi “bem feito”. Uma policial. Sinto-me à vontade por minha estreita relação com a Polícia Militar para dizer que se trata de uma exceção, mas existe.
O avanço das ciências do comportamento tem estudado e pontuado, sempre em torno, em geral, de certa convergência, principalmente psicólogos, sociólogos, filósofos, criminólogos e diversos outros estudiosos, que a essência humana, de sua própria natureza os motivos por trás das mais bondosas e brutais ações. Jean Jacques Rousseau disse que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. Em contrapartida os pessimistas garantem que o homem tem instintos ruins e o fato de ser dotado de racionalidade faz com que controle tais instintos e tenha atitudes boas e, ainda discordando de ambas as correntes, há aqueles que defendem que o homem nasce inocente, nem bom e nem mal, apenas inocente e que terá seu caráter moldado por aspectos sociais e psicológicos.
Fixo-me, no entanto, em Nelson Mandela, que falando do ódio racial, mas o coloco aqui, o ódio como combustível para todo tipo de maldade, afirmou: “Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”. A omissão, o silêncio de autoridades que, se por um lado têm medo de desagradar seus nichos de apoio, por outro gostam do que veem e estimulam, mesmo fingindo não estimular. Tudo muito lamentável, pois se disputa sempre a força de manobra, de condução para lados, nunca para o racional e sensato.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz