Difícil achar nesses dias que estão aí pelas ruas quem não tenha sido agredido verbalmente com xingamentos e até ameaças. Parece que a escalada de avanço no “tudo posso, em quem me contaria de alguma forma” está fora de controle e limites. Não falo das redes sociais, não, falo do mundo real. Chocou o País quando Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos de idade, congolês foi ferozmente assassinado por três homens. Por quê? Ele cobrou o pagamento de três diárias em um quiosque na Barra da Tijuca, pelas quais ele não havia recebido nada.
Dias depois, Durval Teófilo Filho, 38 anos, conversava om sua esposa acerca dessa barbárie envolvendo o africano, reafirmando a razão pela qual se mudou para um condomínio em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. Sentiu-se protegendo a esposa e a filha, relata sua esposa. Era visto por amigos e vizinhos como um homem brincalhão, de sorriso fácil e apaixonado pela filha de 6 anos. O que aconteceu com Durval? Assassinado porque o atirador achou que ele seria um bandido, mesmo estando a muitos metros de distância sem ter demonstrado nenhuma ação hostil. Mexia na mochila, para pegar a chave do portão da entrada de casa.
Estão achando que são fatos pontuais: domingo no Engenhão, palco de clássico entre Flamengo e Fluminense. Vídeo publicado pelo ex-vice presidente do rubro-negro, Antonio Tabet, mostra o jogador Gabigol, do Flamengo, indo para o vestiário e sendo chamado de 'macaco'.
Só está piorando esta sanha, uma espécie de necessidade de perseguir, bater e matar quem sai do conceito de muitos do que seja ser igual, ser o próximo. Calma, só mais um caso para encerrar, agora, inclusive, por achar que “devo, nego, não pago e se me cobrar, eu bato.”. Pois é, foi assim com O motoboy Hery Silva, de 32 anos, que foi agredido após tentar cobrar um homem por uma entrega feita por aplicativo no sábado (5), em Manaus. Uma mulher que estava no local gravou um vídeo e questionou o homem sobre as agressões.
Encerro com as palavras, ipsis verbis de Hery: " Ninguém vai me tirar da situação que eu me encontro hoje e me dar um novo trabalho. Vou ter que exercer essa profissão, mas e quando eu sair? Me sinto um alvo. Somos alvos de trânsito, de ladrões e agora mais isso? Até o cliente que a gente tá beneficiando nos agride, nos humilha, cospe na gente. Como é isso? Não pode ser assim".
José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal