Nessa última segunda-feira (21), com os seus apoiadores que sempre estão em frente ao Palácio do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a redução do número de homicídios no Brasil no ano passado. Informação divulgada pelo monitoramento do Fórum Brasileiro Público e vinculado pelo G1. O presidente da República tem encetado um esforço permanente para driblar o Congresso e editar portarias e decretos para ampliar o acesso a armas e de munições para cidadãos comuns e por quem é colecionador, atirador e caçador. São armas inclusive de grosso calibre, como fuzis. A imprensa tem divulgado que durante o governo de Bolsonaro a quantidade de registros para compra de armas até aqui liberados superam os últimos dez anos anteriores.
A verdade, é que o presidente, como lhe é muito peculiar, tem as suas próprias “verdades” que dissemina sem qualquer respaldo efetivo do que não seja do seu interesse pessoal. Vozes de especialistas já se levantam afirmando o erro avaliativo do presidente. O pesquisador Rafael Alcadipani, membro do Fórum de Segurança Pública e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), já afirmou que o resultado das concessões presidenciais trará graves consequências nas próximas décadas. O especialista destaca que, em verdade, houve uma redução de conflitos do crime organizado e dos conflitos entre facções criminosas, fazendo com que na Amazônia, ainda que na região Norte teve, em seu todo, um aumento de 10% dos crimes, com maior disputa entre facções criminosas, que derruba, por consequência, a tese do presidente da República. Outros especialistas na área, como Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), afirma que “entre as causas estão a profissionalização do mercado de drogas brasileiro; armistícios nos conflitos entre facções.
A verdade é que é necessário se fazer um delineamento de como se constitui a violência no Brasil, com as suas conexões e não isolados. Falta um interesse mais forte em políticas públicas, em ordenamento de todos os poderes da sociedade. A atenção à violência não pode ser de aumentar a sua possibilidade, em uma espécie de revide, pois a questão está se tornando um problema de saúde pública. Quem não teme caminhar pelas grandes cidades brasileiras sem atenção à possibilidade de sofrer alguma violência, gerando tensão e ansiedade?
Sempre que me posiciono contrário ao armamento da população, perguntam-se: Se alguém de sua família sofresse uma grande violência, como você reagiria? Repondo que como qualquer ser humano, com sentimento possivelmente de revide, mas isto me tornaria uma besta e vivo em civilidade. Atribui-se a Gandhi o dito: “No olho por olho, o mundo acabará cego".
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz medrado@cidadadaluz.com.br