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Mais uma

Mais um ato criminoso, dos que vêm à mídia, uma vez que centenas são cometidos no Brasil afora e não tomamos conhecimento. Falo do ônibus do Grêmio que foi apedrejado no caminho para o estádio Beira Rio, em Porto Alegre, para um jogo do campeonato gaúcho. Diversas pedras foram atiradas, e uma delas atingiu o rosto do volante Mathias que teve traumatismo craniano e uma concussão cerebral. Foi mais uma agressão covarde. O ônibus do Bahia foi atingido por um explosivo na semana passada. A violência tem se tornado rotineira, infeliz e tragicamente. Ainda que estudos evidenciem que há correlação entre violência e desigualdades sociais, ideológicas em afirmação de descontentamentos sobre conceitos e comportamentos, o fato é que a ação se dá no plano material de sentimentos não contidos para se convalidar, e até se justificar. Parece que surge uma violência consentida pelo Estado, no momento em que essas ações não são punidas com a severidade que merecem.

Nessa tendência antissocial o sujeito, dizem muitos especialistas, se sente estimulado e atacado ela própria sociedade, em frustração diante da “contrariedade” do que julga que deveria ser. Dois aspectos, no entanto, precisam estar bem claros. O primeiro diz respeito ao fato de que o Estado, apesar da responsabilidade principal que deve assumir no processo de transformação social, não pode agir de modo isolado para conter a violência e a criminalidade. Precisamos como cidadãos e no raio em que nos encontramos de reação, bradar, propugnar contra toda e qualquer violência, não deixar normalizar, inclusive pela quantidade que ocorre e nas áreas que viceja. A outra questão que deve ser ressaltada tem a ver com a estrutura formal, de caráter técnico e político, que deve servir de suporte para a implementação de medidas de reforço da segurança cidadã, com pressão sobre o Congresso Nacional para que legisle para o povo. Afinal foram empregados para isso, não para a defesa apenas dos seus segmentos de interesses. Sem dúvida alguma, cabe ao Estado uma parcela maior de culpa e responsabilidade pelos erros e acertos sobre a segurança pública. Uma vez que, repito, o mandato popular é para gerar políticas necessárias ao enfrentamento com segurança dos processos de convivência em sociedade. Infelizmente, no entanto, vimos exatamente ao contrário desde, inclusive, do mandatário número um do País.

Naturalmente, você, caro leitor, deve ter rechaçado acima, quando leu, que não tem responsabilidade alguma sobre essas questões de segurança. Ledo engano. O art. 144, caput, da CF/88 é taxativo quando se refere à segurança pública como “dever do Estado, direito e responsabilidade de todos”. Não podemos apenas nos fechar em nossas casas e achar que esta é a nossa obrigação: protegermo-nos. Não. Há um contencioso que não pode, repito, ser naturalizado, por força da frequência em que ocorre. Precisamos nos conscientizar e participar ativamente, em nosso alcance de influência, de gritos coletivos contra toda e qualquer violência que fragiliza o sentimento de paz e segurança de todos nós. Precisamos, permita-me, deixar de comentar a roupa nova, o casamento novo daquele astro e mobilizar mais sobre episódios de violência ou pelo menos igualar na apreciação. Infelizmente é isso que vemos nas redes: assunto de violência passado por cima, quase não compartilhado, mas quando se trata de fofoca...estoura . Pensemos nisso.

josé Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal

 

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