Dizem que no amor e na guerra vale tudo, no entendimento de que se deve buscar todo e qualquer caminho para se chegar ao objetivo de correspondência do amor e dominação pela guerra. Absurdo por tudo que vemos nas vidas de relação e, claro, nas guerras. Atenho-me, no entanto, ao amor, pois é fato ver que na vida dos sentimentos amar é até fácil, difícil é manter a tal chama do amor viva, porque o tempo desgasta, cansa, traz decepção, lamentos, frustrações, não reciprocidade e dúvidas. Todavia, parece que no campo de política não. Fico imaginando a acrobacia mental, psicológica que os fanáticos pelo presidente Bolsonaro estejam fazendo para justificar seus atos, conceitos. Não falo do eleitor que o escolheu em contraponto ao momento específico do país. Refiro-me a aqueles que independentemente de qualquer coisa se veem representados nos ideias do presidente. Aí que penso que há um nó, que muitos estão tentando desfazer ou não. Isso porque o presidente redireciona a qualquer tempo todo as suas ações e falas aos seus pontos de interesses. Todo mundo faz isso, lógico, mas não em guinadas bruscas. Vejamos: o jornalista Lauro Jardim informou que Bolsonaro enviou para seus grupos de Whatsapp mensagem em que diz que “USA não é mais uma nação virtuosa” e “só existe (sic) a Rússia, a China e a Liga Árabe... capaz (sic) de enfrentar a NOM (Nova Ordem Mundial)”. E que “o comunismo se transmutou, voltou para seu berço europeu” e “se Bolsonaro não tivesse corrido para fazer aliança com Putin, nem eleições teríamos.” Ou seja, para que busquemos entender de alguma forma os axiomas – quem era inimigo do comunismo agora é comunista, e quem era comunista agora é a única esperança do mundo contra o comunismo. Deve ser uma grande dificuldade entender essa lógica, mas para os defensores fanáticos, é fácil. Será?
Alguém já disse que a medida de amar é amar sem medida. Talvez isto explique a ausência de sentido em querer se encontrar sentido para entender o se fanatizar por políticos, artistas, líderes religiosos... afinal de contas quem se consome na admiração sem siso não quer entender, mas seguir; não quer justificar, mas aceitar; não quer ser contra, mas sempre defender. Nesse mundo de adoração e fanatismo, tudo se perde em seu entorno, ficando apenas o foco no ser venerado. Estudiosos do comportamento humano levantam as suas teorias e estudos sobre essas questões, em especial a necessidade de proteção do ego, no âmbito da não construção do tido como verdades, princípios, ser o que se pensa que é. Deve, portanto, ser muito difícil e até confuso tentar sempre explicar as incongruências do amor, mas, como muitos falam, o que importam são as narrativas, não as coerências e verdades.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz medrado@cidadadaluz.com.br