Vivemos estruturados em conceitos que foram se infiltrando em o nosso entendimento como sociedade, de forma tal, que não nos damos contas que há expressões que, mesmo não querendo, retratam buscas de justificativas para mortes e ou agressões por parte de agentes do Estado ou mesmo da população, em geral. O Brasil, a propósito, é o país que mais lincha no mundo, ou seja, onde se faz a tal “justiça com as próprias mãos”.
Circulou um vídeo esses dias pelas redes sociais, onde dois policiais militares de Minas Gerais imobilizaram um homem, mas um dos agentes esmurrava o rosto do indivíduo, em ritmo de ódio e freneticamente, como se estivesse marretando alguma coisa. Uma jovem, ao que parece, namorada do homem desfalecido, tentou evitar o prosseguimento das agressões, recebeu um forte murro no rosto que a atordoou. Tudo registrado em vídeo. Não há mais a menor preocupação com isso.
Tristemente, é que quando vamos ver os comentários nos inúmeros sites que registraram a brutalidade, há um grande número de pessoas perguntando: precisa se saber a história toda. O cara fez o quê? Essa última pergunta constante. Ora, ora, não importa o que o cidadão fez, os policiais já o tinham imobilizado, não havia porque continuar com a barbárie, inclusive, repito, o rapaz estava inconsciente. Estudiosos afirmam que atitudes como essa dos agentes público parece que estabelece um consentimento ao povo fazer algo semelhante, buscando no linchamento a “punição”, o sentenciar o infrator ou mesmo criminoso. Matar é crime, as qualificadoras é que vão estabelecer os motivos, consequentemente a peça de denúncia à justiça.
Infelizmente, por outro lado, se ataca muito os direitos humanos, com um discurso ensaiado de argumentação falida, ao repetir que “só tem direito humanos para bandido”. Não se entende, ou não se quer entender, que direitos humanos são aqueles direitos que nos pertencem pelo simples fato de sermos humanos. Simples assim e para qualquer humano. Inclusive as vítimas de bandidos também. São direitos que não podem ser restringidos ou retirados, mas sim garantidos. Os direitos humanos devem ser iguais para todas as pessoas, independentemente de gênero, nacionalidade ou origem étnica, cor, religião, classe, idioma ou qualquer outra condição, mesmo criminosas, a estas a justiça, se a leis estão brandas, que se trabalhe junto aos ditos representantes de povo para que as torne mais rigorosas. Sendo universal, não cabe, portanto, nenhum tipo de discriminação em sua aplicação. O contrário disso será sempre barbárie...perguntar, portanto, a fez o violado em sua dignidade humana, para ser espancado, morto por populares e ou policiais de quaisquer esferas, não guarda sentido, diante de qualquer ato de perda civilizatória, do regramento das leis. Os cidadãos e os representantes do Estado são para cumprir os dispositivos legais, sob quaisquer circunstâncias, salvos os especificados também nas. Só uma lembrança: o Brasil não tem penas de tortura e morte.