A morte da rainha, sem sombras de dúvidas, se tornou o assunto mundial de grande relevância, todavia e ainda que pese que a sua figura, como da monarquia britânica em si, não guarda poderes decisórios maiores no governo do Reino Unido, é fato, no entanto, que a sua imagem é forte e reverencial. Monarca constitucional, chefe de Estado com um papel cerimonial e estritamente apolítica, a rainha nomeava o primeiro-ministro e assinava formalmente as leis aprovadas pelo Parlamento e as nomeações oficiais, desde 1708. O consentimento real nunca foi negado. Não podemos descurar, por relevante, que o domínio monárquico britânico construiu a sua história de fausto, poder e glória pela exploração e colonização de povos ao redor do mundo: Quênia, Iêmen, Irlanda do Norte, Egito e África do Sul foram alguns dos países que sofreram a opressão, massacre e exploração feitos pelo Império Britânico. Em seu reinado se deram as lutas de libertação colonial em África e na Ásia. Na África do Sul o Reino Unido apoiou e financiou o regime do Apartheid, que discriminava e tentava subjugar a população negra. No Quênia, durante a guerra de independência nos anos 1960, pessoas eram mutiladas e torturadas com machados por se levantarem contra os britânicos.
Não se trata aqui de se desconstruir imagem ou personalidade, mas de se entender que a beleza, o glamour não foram e não são as únicas bases de sustentação da monarquia britânica. Nesses dias, um perfil no Twitter dedicado a registros históricos e culturais da África lembrou o fato de a monarca possuir em uma coroa e em um centro alguns dos maiores diamantes lapidados do mundo — incluindo o líder desse ranking. O diamante do cetro conhecido como "A Grande Estrela da África", que teve seu nome alterado em homenagem ao presidente da mina em que foi extraído, Thomas Cullinan. Gema de 530 quilates foi extraída na África do Sul em 1905. Foi tirada do país sul africano e o seu valor estimado é de US$ 400 milhões (R$ 2 bilhões)", acusa o perfil .
O ponto é que alguns republicanos afirmam, inclusive os da Escócia, que se tinha uma consideração à figura da rainha, mas que agora será diferente. Esses povos guardam ressentimentos da ausência de manifestação da monarca quanto a uma espécie de mea-culpa por tudo que o Reino Unido fez aos colonizados. É certo que ela não poderia falar em nome do Governo, mas ações em direção a massa de desassistidos nesses países, em especial os de África, poderiam ser feitas, inclusive com joias de tamanha monta. Naturalmente, que todos podemos fazer algo por quem necessita, e é justo, por outro lado, também, que aspiremos ao conforto, bem-estar, beleza...o que for, porém quando se representa um império com a história de dor, fome...de seus colonizados muito fica pendente na conta, entendo, dos seus representantes.
josé Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal