Vi em diversos sites, inclusive aqui no BNews, que a pastora Michelly Bezerra, da Assembleia de Deus, de Sorocaba, em um vídeo publicado em suas próprias redes sociais, pediu para que “crentes esquerdistas” parassem de pedir orações a crianças em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) ou com alguma doença grave. De forma clara, apela: "Por favor, não me procurem mais para pedir oração por crianças que estão na UTI, crianças de seus amigos, sobrinhos, sobrinhas, que estão correndo risco de vida, porque quem vota em alguém que é a favor de aborto, pra mim, deixa bem claro que a vida de uma criança não é importante, nem necessária, nem vale nada", afirmou. Estarrecedor. Candidato algum se disse a favor do aborto, ao contrário. O perturbador disso é que, independentemente, de qualquer coisa, ela “abandona” em sua lógica perversa, a caridade, o amor em expressões realmente de quem se diz religiosa. Claro que, está se tornando ação recorrente, após a repercussão o vídeo foi apagado. A questão, entendo, no caso, não se trata de ser a favor, contra o aborto, mas de compaixão. Tenho ficado perplexo, com o comportamento de quem se diz de Cristo e O invocando para basear suas sandices e falta de amor ao próximo.
É pena de morte sendo defendida, são expressões de que “bandido bom é bandido morto”, são posicionamentos marcados pelo preconceito, intolerância, ódio, ressentimentos, vingança, embasados, muitas vezes, em passagem evangélica, em clara manipulação da palavra. Não são, no entanto, apenas evangélicos. Não. Recentemente um padre de Goiás tirou a batina e abandonou uma missa após uma discussão sobre as eleições para presidente do país. O padre defendia o atual presidente e teve reação da assembleia, foi dentro da Igreja Matriz Imaculado Coração de Maria, em Nerópolis (GO), região metropolitana de Goiânia, no domingo (6/11); na minha religião também: um conhecido médium da terra de Chico Xavier solta card com o título “Bolsonaro e os vendilhões do templo” em clara sugestão do uso de chicote para prevalecer o seu entendimento político; um outro médium distribuiu notícia fake de que o mesmo Chico teria dito, ele teria ouvido – afirmava, que jamais receberia Lula. Foi desmentido por arquivo do jornal O Dia, de 05.10.1998, onde divulgava os votos de Chico naquela eleição, e lá estava o de Lula para presidente.
Não é surpresa que diversos líderes religiosos sempre usaram de sua influência para manipular os seus liderados, mas agir de forma criminosa no uso do nome de Jesus é de um cinismo sem medida. Tudo muito lamentável e abjeto...é certo que estamos todos na luta por sermos melhores, mas ações perversas conscientemente não se trata de ignorância, leitura interpretada errada dos livros religiosos, não. É má-fé, estelionato religioso mesmo. Os profitentes de toda e qualquer religião não podemos ser acríticos, precisamos desenvolver o sentido de análise e lógica, principalmente ao usarmos o nome de Jesus para defender os oblíquos pontos convenientes de vista.
josé Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal