Dean Buonomano, professor de neurobiologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), começou a investigar a forma como nosso cérebro percebe o conceito de tempo, afirmando que o futuro não existe e que o cérebro é, em verdade, uma máquina de fazerotempo. Razão assiste ao pesquisador, uma vez que o amanhã não existe como futuro, ou algo estabelecido. Assim, imaginamos que ele é criado, inventado para tentar nos dar uma sensação de controle, pela necessidade de ficarmos em nossa caixinha, em nossa zona de conforto. O nosso cérebro programa as nossas estruturas de ação e reação diante de fatos da vida, sempre com o objetivo de economizar energia. Razão pela qual sempre sentaremos no mesmo lugar à mesa, vamos para o trabalho pelo mesmo caminho, até iniciar o ensaboamento no banho pela mesma zona do corpo. É por isso que chegar nesses dias de fim de ano nos aguça a busca, em viagem pela ilusão, de que o futuro está firmado, só precisamos desvelá-lo ou criar possibilidades dele ser venturoso, pulando ondinhas, vestindo esta ou aquela cor... em fim só nos deixarmos levar pelo que já “está escrito”. Caminho seguro para a frustração. Às vezes, a tentativa e antecipação do futuro é tão somente uma preocupação ou ansiedade desnecessária, de algo que está aqui e agora no nosso presente, esperando apenas um start em ação, na direção do que queremos que aconteça. Sinto, mas o professor Buonomano afirma, ao encontro de diversos estudiosos da vida em seu sentido mais amplo, que é claro que o futuro não existe, porque ainda não tomamos as decisões que nos vão levar a ele; mesmo sabendo que ele pode estar definido apenas porque não podemos escapar das leis da física, (um corpo sem aparato próprio não voa, logo se tentar certamente vai cair). Já o futuro pessoal se refere ao conteúdo subjetivo de cada pessoa, como produto das suas variantes de vida, por consequências experiências e até determinismos biológicos. O futuro só está definido na subjugação das leis Naturais da vida, como da probabilidade, das contingências. Colocando, no entanto, isso em termos práticos, poderemos dizer que o futuro não existe, porque é impossível prever o que as pessoas vão fazer ou como vão se comportar, inclusive nós mesmo diante do inusitado da vida. Precisamos entender que os fatos gerados por minhas decisões, meu livre arbítrio, é consequência da gestão de complicadas redes de informação que são ou foram processadas pelo meu cérebro, em função do armazenamento lá existente, em histórico do meu passado. Assim, ressignifiquemos o passado, estruturemos em objetivos, valendo-nos de estratégias e ações agora, para que o nosso futuro seja venturoso. Faça o seu 2023 feliz.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz