O Brasil se mobilizou, a reação foi em cadeia, ainda que, em geral, a fleuma dos fardados tem chamado a atenção. Manchetes em quase todos os jornais, não poderia ser diferente: tentaram dar sim um golpe no Brasil. Não se tratava de manifestação, haja vista que não havia reivindicações, mas sim a tentativa de impor sobre uma maioria a vontade de derrotados na eleição presidencial. O alerta, porém, de que o Brasil estava caminhando para um regime ditatorial foi revelado em relatório Variações da Democracia (V-Dem), do instituto de mesmo nome ligado à Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Já em 2020 o relatório apontava que o Brasil foi o quarto país que mais se afastou da democracia naquele ano, em um ranking de 202 países analisados. O documento publicado em 2021 funciona como bússola para investidores do mundo inteiro, a fim de que o capital tenha conhecimento dos riscos que corre pelo mundo. Nessa avaliação o Brasil só perdeu para a Polônia, Hungria e Turquia, sendo que estes dois últimos são governados pelo regime de extrema direita de Orban e Erdogan, respectivamente. O relatório ainda considera que há uma onda autocrata que lambe o mundo a partir de 1994, sendo que esta seria a terceira onda do gênero, uma vez que a primeira foi em 1900, depois entre 1920 e 1940, ainda em 1960 e 1970. O V-Dem assevera que em 2010, 48% da população mundial se consideravam em regime não democrático em seus países, este número, no entanto, em 2020, subiu para 68%. Efetivamente, o Brasil pulou a fogueira, mas é preciso que se descubram os atores, organizadores e financiadores das barbáries que vimos, a fim de que se prendam, sejam processados e paguem pelo que fizeram. A cidadania brasileira não tolera mais o deixar para lá. Narrativas já se constroem tentando falar de infiltrados, como se uma centena ou até mais de infiltrados, vamos lá, pudessem fazer o que fizeram, e por incrível que pareça ainda há os que acreditem que não foram quem de fato se filmou na ação criminosa. Caíram na velha e conhecida armadilha da vaidade se autofilmando no cometimento dos crimes. Do lado do governo Federal, não sobra dúvida alguma que o ministro da Defesa, José Múcio, bajulou demais ao chamar o ex-presidente de democrata, bem como os que participavam dos tais acampamentos e o ministro da Justiça, Flavio Dino, no mínimo, ingênuo ao aceitar como verdades tudo que o afastado governado do Distrito Federal afiançava. A verdade é que os atos terroristas desse domingo tinham sido ensaiados, desde a noite da diplomação do presidente Lula, onde Brasília pegou fogo e as autoridades locais apenas observaram. Aprenda, Brasil! Não somos há muito aquela pátria de ingênuos e bonzinhos, de “uma gente bronzeada” boa de ginga e futebol.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz