O mundo virtual frequentemente está sendo invadido por alguma postagem, usando o jargão próprio, que viraliza. Todo mundo comenta, emite opinião, agride...é esse o mundo. Nesses dias foram três jovens que chamaram de velha uma colega de 40 anos que estava fazendo o curso que elas também, ao que parece, fazem. Chegaram a dizer que era para estar aposentada a colega citada. Reação imediata. Certamente, as mães delas devem ter esta faixa etária, ao que parece, em torno dos 40 anos. A net ferveu.
Há uma semana um outro jovem, este surfando na tal onda da extrema direita, atacou as mulheres trans em, segundo o próprio, em manifestação pela defesa das mulheres, em seu dia internacional. Um outro jovem de 25 anos matou a própria namorada a facadas após ser chamado de "inútil" por ela durante uma discussão. O caso aconteceu no bairro de Planalto, em Belo Horizonte.
O que está acontecendo com estes jovens? Claro que é apenas uma fatia, geralmente, segundo levantamento, de famílias classe média alta. Ao que tudo indica, segundo estudiosos da área, há um favorecimento e elaboração de uma estrutura que mostra uma desarticulação entre as experiências pessoais (por exemplo, as relações familiares e sociais), a influência ambiental (formação de grupos e forte imersão nas redes sociais) e, naturalmente, objetivos fluidos para a própria vida, dando a impressão que criaram realmente um mundo paralelo onde o que parece que é, deve ser. As moças já se arrependeram, talvez pela repercussão que aconteceu e já afirmam que estavam apenas zoando com uma colega.
Vão passar de forma dura, e merecida ação-reação, pelo estresse "tóxico" da redes, em insultos e agressões, inclusive os familiares, é o fluxo do processo, e já pedem desculpas, mas a lição não ficará para os outros pais que, em verdade, de alguma forma com comentários, preconceitos ou algo do gênero lançam aos seus filhos tais considerações e mesmo conceitos que são captados e relidos com a compreensão de mundo desses jovens. O que fica claro é que jovens estão sem suporte de cuidadores adultos de seus conteúdos. As lacrações na net são seu sentido de vida, os likes seus abraços e beijos, e o aumento de seus seguidores a recompensa de vida. Tudo em uma enxurrada tóxica de ondas vazias sem sentido de objetivo de vida. Triste, haja vista que a maioria não suportam o revés do tribunal e consequente punição das redes e caem em grande depressão, pois não conseguem recalcar a frustração de que não lacraram e só sofreram pelas investidas equivocadas em suas redes.
Esses adolescentes precisam ser trazidos ao chão em estratégias eficazes de enfrentamento ao mundo real, talvez até em contato físico e emocional com situações de lutas, de dificuldades de outrem em um importante papel no desenvolvimento de emoções empáticas, como caminho para a diminuição de seus vazios e ou mesmo dores emocionais, pois estão em queda livre a uma vida em que qualquer dissabor poderá gerar incalculável perda da saúde emocional.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz