Recentemente, fiz um artigo que abordava que o Brasil, diante das eleições, das divisões que estamos vendo, não estava caminhando para pacificação alguma. Em verdade, no entanto, eu no próprio texto guardava uma certa esperança de que com o passar do tempo as coisas se decantariam. Ledo engano, talvez nem tanto engano, mas uma vontade que hoje não guardo mais. A perspectiva de nossa pacificação como povo, buscando um ideal coletivo é totalmente fora de foco, sem qualquer vislumbre.
Infelizmente, percebo assim. O Brasil se tornou uma arena, bem ao tipo das romanas, em um vale tudo para arrancar reputação, imagem, credibilidade...das almas das pessoas. Tudo está guardando narrativa de interesses. O que se percebe são os detentores, os buscadores de sempre do poder apostando no conflito, na divisão. Estabelecem conflito e nele se alimentam. Hienas atrás de qualquer coisa. Os lados são estabelecidos e começa a guerra. Não guardo dúvida alguma, inclusive, que você ao ler este meu arrazoado está reafirmando o que você pensa que sou, em termos de posição política. Lamento também, por que não posso ser por ideais? Por que tenho que ser por posição política, aí se entenda por pessoas? Claro que ideais são catalisados por pessoas, que se identificam e sintonizam...sem dúvidas, mas não poderíamos tentar sensibilizar a essas ou aquelas pautas, no lugar de combater, até ferozmente, a quem não se coaduna com elas?
Muitos dirão: tempos difíceis. Honestamente? Não penso assim, penso em pessoas difíceis, complicadas. O egocentrismo se estruturou em grupos, não mais pelo pensar individual, pelo querer individual, o comportamento egocêntrico permeia as estratificações diversas da sociedade, como se houvessem sinais que identificassem quem é quem e o que pensa sobres as questões gerais da vida brasileira. E o pior: muitos não têm nem o chamado engajamento por causa, mas por pessoas, por líderes, por políticos. E aí que notamos a total flexibilização de valores, de conceitos, até mesmo da ética, pois a depender do transgressor(a) do que se julga o que deve ser, haverá defesa ou ataque.
Eu só penso em meus sobrinhos-netos (se vierem), a que sociedade eles pertencerão, porque eu não sei que caminhos eles trilharão, mas gostaria que fosse do respeito às suas escolhas, de cidadania aos seus caminhos.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz