Nesta semana fiz uma publicação provocativa em uma das minhas redes sociais (no Instagram). Falei sobre uma influenciadora digital de Minas Gerais, assim ela se definiu, que causou controvérsia nas redes nos últimos dias. Na postagem, a mulher aparece em um supermercado usando um short super curto, ela afirmou ter sido expulsa do local em função da vestimenta: “Algumas pessoas olharam com preconceito, outras me xingaram e por fim, fui expulsa do local”. Provoquei perguntando as que me seguiam o que é que achavam daquela situação? Curiosamente fui percebendo os comentários superconservadores e mais do que isto muito ofensivos. Todos baseados, a princípio, em ofensas a influencer, afirmando que ela queria era brocar na internet. Não me pautei em qual seria o móvel do interesse da moça, mas sim o que ela passou dentro do estabelecimento ainda que privado, mas de afluência pública sem que houvesse qualquer regramento para o não uso de algum tipo de roupa.
Em outro momento postei um vídeo de uma misse, que vestia um lindo vestido transparente onde ficava à mostra as suas supostas peças íntimas, e observei os comentários, uma vez que provoquei indiretamente, através de insinuações a comparação. Batata, como se diz em gíria dos tempos de meus pais. As manifestações, registre-se das mulheres em geral, foram de que o contexto era diferente. Continuei provocando, perguntando nas manifestações específicas, com base no que foi dito, qual era a diferença. Achei graça: saiu de tudo - desde contexto até afirmação de que eu estava defendendo a influencer. O que não foi verdade. Busquei a reflexão ao direito de uso onde não existem regras fixadas. Foi um alvoroço e eu continuei a provocação. Em verdade, o que eu queria mostrar era que havia uma incongruência, talvez uma confusão de posicionamentos conceituais. A questão era de bom senso e preestabelecimento de regra, o que não existia. Por outro lado, eu já tinha conhecimento que plataformas da internet tinham grupos, páginas de tortura, aliciamento de crianças e adolescentes aos mais variados e bizarros comportamentos.
Em sua maioria meninas que se automutilavam em partes íntimas, submissão como escravas sexuais... estou falando de crianças de 12,13 anos. O Fantástico nesse domingo fez uma longa reportagem sobre o fato, ou seja: as nossas crianças estão expostas nos seus redutos que deveriam ser mais seguros - suas casas, seus quartos, a imagens e atos mais triste e criminosos possíveis, e será que aqueles pais, lá do supermercado, que hostilizaram a influencer, dizendo também em defesa de suas crianças estão cientes disso. Fica a reflexão inclusive de uma certa hipocrisia, que existe em nossos conceitos. Pensemos nisso.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz medrado@cidadadaluz.com.br