Morreu neste domingo (26), em Salvador, o artista plástico e performático, também poeta, músico e desenhista Jayme Figura. Aquele que circulava pelo Centro Histórico com a sua arte em latas e outros recicláveis. A morte de Jayme foi confirmada pela esposa e amigos. Jayme tinha 64 anos. Nascido na cidade de Cruz das Almas, veio para Salvador aos cinco anos com a família. Desde criança, ele criava brinquedos com latas e madeira. Jayme dizia ser autodidata e ter sido "salvo" pelo desenho. "Foi o desenho que me salvou, foi o desenho que me deu vida”.
Em verdade, a trajetória de Jayme começa, muitos desconhecem isto, como idealizador e vocalista da “Banda The Farpa”. Em trecho de entrevista ao Jornal A Tarde, julho de 2000, em apud da pesquisa de José Mário Peixoto Santos: Jayme, A Figura Do Artista Performático, “...ele identifica as apresentações dessa banda como happening metal. Também diz ter escolhido esse nome para o grupo devido à simbologia...”. Jayme dizia que essa banda de rock tinha um segredo e os encontros promovidos pelos componentes do grupo são mais espirituais. A banda de Jayme chegou a ser premiada em um dos festivais Palco do Rock, em Salvador, a “Banda The Farpa” ficou classificada em segundo lugar. José Peixoto, ainda noticia que, em verdade, a sua roupa começou a ser feita quando exatamente o artista iniciou a se apresentar com a sua banda nos circuitos de músicas alternativas de Salvador. Jayme, sem dúvidas, se transformou em patrimônio do Centro Histórico de Salvador. Infelizmente, o seu espaço consagrado como artista em nossa cidade, talvez por um certo receio que as pessoas tinham da sua figura (permitam-me o trocadilho) - eu mesmo o tinha, quando ainda adolescente - guardava um certo receito de sua persona. Claro, por ignorância, por falta de conhecimento inclusive que ali estava um genuíno representante de uma arte mal estudada e lançada ao preconceito por divergência com uma estética padronizada, de material previsível...não, não era definitivamente esta a proposta de Figura. Triste, mas ainda vivemos e absorvemos uma sociedade onde as figuras (permitam-me de novo) que fogem aos estereótipos “consagrados” só são reconhecidas e aplaudidas com a sua morte. Pouco damos, de fato, as tais flores em vida.