Não sou o primeiro, certamente não o último, a repisar que as pessoas estão perdidas em seus processos de crença, não falo de religião, mas de informações, ou melhor desinformações que tomam os aplicativos de mensagem, as redes sociais e se tornam, não raro e também, em um bueiroaarrastar reputação, gerar depressão e até mesmo quebra do pacto com a vida. Jessica Vitória, a menina que foi mentirosamente apontada como novo affair de Whindersson Nunes e teve conversas falsas com o artista vazadas na web, morreu aos 22 anos. Não ponho em dúvida que ela já guardava problemas emocionais, necessitando, possivelmente, de acompanhamento profissional qualificado. Não. Todavia, isso não pode ser visto como uma espécie de... mas ela... Não! A menina estava fragilizada e a empurraram para o desespero. A legislação brasileira precisa ser revisada, atualizada para tentar conter esse mercado de mentiras, desinformações que nada tem a ver com liberdade de expressão, mas com cometimento de crimes. Não se pode conceber que ‘...fake news faz parte da vida.”. Não se pode normalizar crimes de natureza alguma. Não se trata, ao meu sentir, de liberdade de expressão, haja vista que tal conceito pode ser encontrado na Constituição Federal de 1998, no inciso IV do Art. 5º que afirma: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato”. E o que vemos? Muitos falam que já existem leis para coibirem a mentira, calúnias como instrumento do tal engajamento, que geram visualizações, curtidas, logo muito dinheiro. Citam a Lei 12.965/2014 e a Lei 13.188/2015. Sim, mas não falam em prevenção – que não é censura, nem conceituam fake news. Então, não consigo entender que alguém possa defender o direito de mentir, atacar o outro pura e simplesmente. Há algo muito estranho nesses posicionamentos. Recentemente, um grupo de alunos do Rio de Janeiro gerou “deepnudes”, usado para designar imagens ou vídeos que manipulam a voz, o corpo ou o rosto das pessoas com inteligência artificial, expondo meninas sem qualquer piedade. Conceber isso como liberdade de expressão é plausível? E vai piorar. Faz pouco a surfista portuguesa Mariana Rocha Assis disse nas redes sociais estar sendo extorquida por pessoas que mandam imagens feitas por inteligência artificial, nas quais ela aparece nua. A que tipo de pessoas interessa tudo isso? A internet abriu espaço para que os usuários tenham a possibilidade de disseminar pensamentos odiosos, utilizando do anonimato e perfis falsos, sentem-se protegidos, devido à ausência de uma lei específica que coíba tais atitudes. Volto ao que citei acima, constante na Constituição Federal de 1998, no inciso IV do Art. 5º. Tudo muito lamentável, nesse tema. Precisa ser socialmente discutido.
José Medrado Mestre em família pela Ucsal e fundador da Cidade da Luz