Vídeos de uma intervenção policial em Porto Alegre tomaram conta das redes sociais nesse sábado (17). Nas imagens, é possível ver um homem negro, que foi ferido em uma tentativa de homicídio, sendo algemado por policiais, enquanto moradores protestam, alegando que o agressor é um homem branco de calção, que estava naturalmente conversando com alguns policiais. O que se apura é que o agressor, desde há muito incomodado com a concentração de motoboys na frente de seu prédio, partiu para a agressão, esfaqueando, certamente, ao que contestou a abordagem - relatam as testemunhas. Não satisfeito, o agressor ainda corre atrás do rapaz ferido.
Muitos dos comentários que se vê nas redes sociais, dão conta da seguinte pergunta: precisa ver o que ele fez (ele – a vítima)? Não é possível que as pessoas ainda se banham de um cinismo de tamanha monta para, talvez não se dando conta, tentar justificar um negro ser sangrado. A questão não se cinge a saber o que a vítima fez, mas que ali aquele motoboy negro era vítima. As apurações ficarão por conta das investigações. Alguns disseram que a vítima reagiu a abordagem nada acolhedora, truculenta dos policiais gaúchos, buscando, aí também, justificar a prisão de quem sofreu a tentativa de homicídio. Ora, ora...a pessoa é vítima de tentativa de morte, a polícia que deveria salvaguardar a sua segurança a algema e a leva presa. Esperar o quê da vítima? Outra agressão, agora pelo próprio Estado, que a priori deveria protegê-lo. Apenas como registro, a facada ocorreu na zona nobre de Porto Alegre, no bairro Rio Branco.
Mais do que lamentável, a situação, mais uma vez, exibe as vísceras racistas de segmento do povo brasileiro, onde sem qualquer prurido de constrangimento insiste, repete toda a sorte de racismo sobre os pretos pobres. É fato, não se pode negar tal constatação, sob pena de incentivo, reforço de situações que só depõe contra esta estrutura perversa do Brasil. Alguns ainda se expandem sob a sombra de suas almas, dizendo que se trata de vitimismo.
A carne, é uma canção de Moro no Brasil, álbum de estreia do grupo Farofa Carioca. A música foi composta por Marcelo Yuka, Seu Jorge e Ulisses Cappelletti,, gravada em 2002 e relançada por Elza Soares, em 2019, canta de forma forte, em letra repulsiva pelo aspecto da verdade:
“A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra
A carne mais barata do mercado é a carne negra (Só-só cego não vê)”.