Muitos pensávamos que o BBB estava a caminho da falência deaudiência. Não. Nesse fim de semana vimos o contrário: a expulsão da
famosa Wanessa Camargo fervilhou a internet. Estudos há que evidenciam que as pessoas se projetam, comparam-se com os membros de realitys shows, seja pela imagem da fama, pela superação, ou por qualquer outra coisa. A comparação é algo comum no ser humano, e estamos comparando tudo o tempo todo. Foi vendo esse fenômeno que, em 1954, o psicólogo Leon Festinger evidencia a teoria da comparação social. Ele dizia que o ser humano tem um desejo inato de se avaliar, e, de modo comum, essa avaliação é com relação, comparação com as outras pessoas. Você, caro leitor, já se comparou com alguém, de forma positiva ou negativa? Já se colocou superior ou inferior a alguém? Desse modo, Festinger acreditava que essas comparações serviam como uma forma de fazer o conhecimento mais preciso sobre nós mesmos. No entanto, a comparação também tem seus riscos. Afinal, essa prática pode trazer sentimentos negativos em relação a própria pessoa. Buscamos o comparativo apenas com as pessoas que julgamos referência em alguma área que cultivamos interesse.
Certamente, por esses e outros motivos, o BBB segue com toda essa audiência. Dos 54 países que já tiveram sua versão, 36 pararam de exibi-la. Essa febre, em verdade, começou em 1973, quando estreou An American Family, em uma dúzia de episódios, uma equipe de filmagem acompanhava o dia a dia dos Loud, uma família de classe média da Califórnia. Foi um sucesso. Na época, a antropóloga Margaret Mead escreveu que aquilo era “uma invenção tão significativa quanto a criação do drama ou do romance”. Ela gerou controvérsias, mas o fato é que o experimento Big Brother, lançado em 1999, na Holanda, se tornou grande sucesso, e assim aportou por aqui.
O fato é que nós, humanos, somos animais sociais, sentimos prazer quando outro humano “revela sua personalidade” – já que isso nos dá ferramentas para conviver com esse outro humano, percebendo suas vulnerabilidades e forças. Não importa que outro esteja atrás de uma tela de TV: temos o instinto de sentir prazer ao ver máscaras caindo, pessoas se revelando. Outro ponto essencial em um reality é o conceito de resistência à perda, identificado pelo psicólogo americano e Nobel de Economia, Daniel Kahneman. Seus experimentos mostram que a dor por uma perda, indicação a um paredão do BBB, por exemplo, é maior do que a alegria de sobreviver ao paredão. A dor se torna mais importante que a alegria, a conquista. Nesse mesmo sentido de animais sociais que somos, isto revela que estaremos sempre criando os ideais maniqueístas de heróis e vilões. Viramos torcedores fanáticos, sem a presença de lógica.