Sei que o mundo digital, esta terra do tudo pode, saturou com o vídeo do pastor André Valadão, líder da Igreja Batista da Lagoinha em Belo Horizonte (MG), onde se vê um trecho de sua pregação sobre universidades, e foi criticado, posto que orientava os pais a não enviarem seus filhos para a faculdade. Pérola (contém ironia): “Se a faculdade vai acabar com a vida do teu filho, não manda ele para faculdade”. “Não manda. Vai vender picolé na garagem! ‘Ah, mas eu não criei meu filho para isso’. “Você criou para quê? Para ele ir paraoinferno?”. Confesso que me perguntei se ele tinha filhos, mas, honestamente? Não me dei ao trabalho de pesquisar, porque guardava a certeza de que todo o verbo que derramava era figura de retórica de interesses inconfessáveis, certamente para manter
cativo o seu rebanho. Claro, como geralmente essas pessoas fazem, depois do dito, verificando a repercussão que fugiu ao plano de lacração na internet, e impacto na plateia, corre e afirma o contrário. O pastor veio a público e disse que não era bem assim.... Valadão afirmou que sua fala foi distorcida por aproveitadores. Nesse domingo último, inclusive, foi passear pela calçada de Harvard com os filhos.
Muitos opinam que não se pode dar palco a pessoas com pregações que guardam intestinamente vontades reais que vão sendo construídas com colações, no velho esquema do jogar o barro na parede, para ver se cola. O brasileiro começa a perceber essas manifestações e reage. A letargia está começando a se movimentar, talvez o medo da violência por intolerância moral e/ou física tem feito as pessoas se preservarem de posicionamentos, natural. Todavia, também tem o aspecto do quem cala consente. O desafio, acredito, seja não calar, mas ao se manifestar ser parcimonioso, compreendendo que as pessoas podem até ser insanas, mas a nós não cabe a contaminação virulenta pela raiva. Entendo que não é prudente, para a sociedade, expressões soltas que vamos largando por aí, do tipo: “isto é maluquice”, e a desinformação avança.
Assim entendemos a expressão massa de manobra, que vem de uma teoria simbólica do sociólogo francês Pierre Bourdieu, referindo-se a grupos de pessoas manipuladas e incentivadas por uma determinada ideologia ou opinião pré-formada por alguma liderança, na formação de pessoas sem atitudes críticas. Desenvolvem uma
crença sem qualquer crivo avaliativo. Ainda circulam para muitos, se não a certeza, a dúvida de que a Terra é redonda. Faz pouco anos, o atual presidente da Comissão de Educação da Câmara não soube responder a um internauta que lhe perguntou sobre a “Terra plana”. “Nunca parei para pesquisar sobre isso, de verdade. Não me importo, sério mesmo, se a Terra é plana, oval, quadrada”.
Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio