A delegada Patrícia Neves Jackes Aires, que foi encontrada morta no banco do carona de um veículo, em uma área de mata, na manhã desse domingo (11), na cidade de São Sebastião do Passé, Região Metropolitana de Salvador (RMS), foi vítima de feminicídio, tendo o seu companheiro como principal suspeito. Ele foi preso em flagrante. A palavra feminicídio foi difundida na década de 1970, pela socióloga sul-africana Diana E.H. Russell (“femicide”, em inglês). No conceito proposto, ela confrontou a neutralidade até então reinante na expressão “homicídio”, que contribui para manter invisível a vulnerabilidade experimentada pelo sexo feminino em todo o mundo. Apesar da Lei Maria da Penha ter completado 18 anos recentemente, os números de morte por questões de gênero só cresce no Brasil, indicando que ainda precisa fazer muita coisa, a fim de parar esta escalada. O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres. Em comparação com outros países, por exemplo, aqui se mata 48 vezes mais mulheres que no Reino Unido, 24 vezes mais que na Dinamarca e 16 vezes mais que no Japão ou Escócia.
Estudos realizados evidenciam que o perfil dos agressores compreende que 45,4% deles têm entre 20 e 30 anos de idade, enquanto 22,3% estão na faixa etária de 40 a 50 anos. No aspecto de características psicológicas, os assassinos são identificados com baixa autoestima, ansiedade, falta de empatia, controle de raiva, ideias machistas, instabilidade emocional e dificuldade de resolução de problemas. As pesquisadoras da área recomendam atenção a homens com esse perfil, a fim de que não se deixe escalar forma alguma de violência. Ademais, alertam que as mulheres não acreditem em desculpas após repetidas agressões, pois o processo só tende a piorar. A maioria dos crimes de feminicídio no Brasil foi cometida por maridos e namorados das vítimas. Infelizmente, muitas das mulheres assassinadas por seus companheiros já recebiam ameaças ou eram agredidas constantemente por eles, mas relevavam, acreditavam nos pedidos incessantes de perdão.
Em verdade, os agressores se sentem legitimados e creem ter justificativas para matar, culpando sempre a vítima. Segundo as Nações Unidas, as motivações mais comuns dos agressores envolvem sentimento de posse sobre a mulher, o controle sobre o seu corpo, desejo e autonomia, limitação da sua emancipação (profissional, econômica, social ou intelectual) e desprezo e ódio por sua condição de gênero.
Caberá a polícia baiana ao findar as investigações apresentar à sociedade as suas conclusões e que a justiça seja verdadeiramente feita neste e em outros casos, de forma a não gerar estímulo ao próximo agressor.
Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.