Gosto de pensar o ser humano, talvez pelos caminhos humanistas, religiosos que encetei como ideal de vida, fundando e conduzindo a Cidade da Luz, mirando o escopo de realização, de ajuda no campo das dores morais e sociais, das faltas emocionais e do necessário para a sobrevivência. Talvez também por isso, custa-me entender o entusiasmo retumbante que parte do segmento brasileiro teve com
as eleições estadunidenses. Não se trata de posicionamentos em espectros partidários, mas lastreado nos equivocados conceitos de patriotismo.
Penso assim, uma vez que muitos não conseguem vislumbrar que questões nacionais não se cingem apenas a pessoas, mas a gente, população, no conjunto da sua afirmação nacional. Em simples exemplo o próprio agronegócio que terá seus produtos para exportação sobretaxados, mesmo assim os seus operadores, em geral, vibraram comaeleição presidencial dos Estados Unidos.
Entendo que os conceitos de patriotismo e o nacionalismo devem se estribar em um papel normativo positivo, pragmático, enquanto fundamento para afirmação e posicionamentos mundiais, que resultem na autodeterminação de um povo, na busca de um interesse nacional comum, que estaria acima dos particulares, políticos de quintal ou mesmo setoriais. Infelizmente, esses conceitos são usualmente invocados pelos poderosos para tentarem dar a aparência de interesse de todos os nacionais aquilo que, na verdade, beneficia apenas a um grupo, um segmento.
Como não lembrarmos do exemplo histórico que temos da manipulação do sentimento nacionalista, que foionazismo, que culminou no holocausto e na II Guerra Mundial? O cientista político britânico David Helde teoriza sobre o que deveria ser a ideia de uma cidadania cosmopolita, a qual, sem suplantar a cidadania nacional e se colocando ao lado dela, implica que todo ser humano, em qualquer lugar, é um sujeito de direitos. Assim, por mais paradoxal que seja, estaríamos trabalhando, apartir de nós mesmos, a ideia de respeito ao humano, à coletividade pelo simples e complexo conceito de ser gente.
Entendo que o monopólio de uma ideia com base em pautas ideológicas, como sendo o bom para um povo, baseando-se em segregação, exclusão e a revivência de burgos e feudos, queoideal iluminista sacudiu, em bússola voltada à razão, contradiz o modelo de estado que defende a liberdade, progresso, tolerância, fraternidade, em governo constitucional e em afastamento entre igreja e estado. No entanto, infelizmente, vemos o contrário, em uma repetição de opiniões à exaustão pela redes sociais, para implantar conceitos enviesados na busca do poder, pelo poder, ainda que para isto se tenha que minar as estruturas democráticas e soberanas de um país.
Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.