O patriotismo, dizem muitos estudiosos, é, em verdade, uma certeza que está na verdade da existência subjetiva de conceitos, que não surgem, necessariamente, de uma realidade consagrada, mas apenas de uma opinião disseminada. Consequentemente, e de tanto se querer uma “verdade”, ela surge de um hábito, de um conceito que se estabelece a partir de um inimigo, muitas vezes criado. Nisso o querer que se tornou hábito é interpretado como puro patriotismo, onde se guarda um sentido de grupo, de tribo, muitas vezes sem a lógica do bom senso.
Todo o Brasil clama o Oscar que o filme Ainda Estou Aqui ganhou. Naturalmente, há duas correntes de clamor: a que torceucontra e a que vibrou, torceu a favor. Claro que se engendrou no processo o tal partidarismo entre expressões ligadas a pessoas, honestamente não vejo como confrontos ideológicos propriamente ditos, haja vista que não se discutem as problematizações do País, mas, sim, as suas representatividades.
O fato é que ser efetivamente patriota revela, ao meu sentir, valores de identidade e vínculos com suas origens. Nós poderemos até falar mal de um membro de nossa família, mas nos incomoda se um estranho o faça, ou não? É sobre isso que falamos. Identidade de uma Nação. Dessa forma, um patriota não deve negar a história de seu País, ainda que possa criticar os seus processos.
Por outro lado, entendo que se estamos em uma comunidade nacional, devemos por compromisso, digamos, de família, contribuir para uma Nação mais inclusiva e igualitária, que aprenda como seu passado, não o negando ou reescrevendo, mas o assumindo, para modificar o seu futuro. Dito isso, não entendo aquele grupo que torceu contra a premiação de um produto nacional, familiar, que está encantando o mundo, pela pujança dos fatos e a história de uma família contada. Família que poderia ser de qualquer um de nós.
A identidade nacional gera o sentido de pertencimento, logo, de defesa, de uma cumplicidade ética benfazeja, geradora de orgulho e de uma pulsão de conquista coletiva. O patriotismo positivo é aquele que sempre gerará a inclusão, repito, a solidariedade e o respeito pela diversidade, a pluralidade de sua gente. Hoje, todavia, já se fala na revivescência nefasta de um patriotismo negativo, que se manifesta como nacionalismo extremo, xenofobia ou hostilidade em relação aos diferentes.
Essa forma de patriotismo leva à divisão social e a conflitos, pois se baseia no nós contra eles. Tudo muito lamentável, pois sempre haverá a disputa por “quem está certo”, não importando nada, salvo os lados. E é verdade: sempre há lados. Vemos, no entanto, que os tais lados rosnam, bravejam e deixam de ser Nação, para serem bolhas, palavra que traduz nichos e destroça o sentido de povo.
José Medrado possui múltiplas faculdades mediúnicas, é conferencista espírita, tendo visitado diversos países da Europa e das Américas, cumprindo agenda periódica para divulgação da Doutrina, trabalhos de pintura mediúnica e workshops. Além disso, também escreve para o BNEWS.