Este ano, o Natal teve um sabor diferente para 250 portadores de albinismo e hanseníase e seus familiares. O grupo, que é assistido ao longo do ano, pela Caravana Fraterna Carlos Murion, uma das frentes de trabalho voluntário da Cidade da Luz, participou de uma festa especialmente preparada pela Instituição. Marcado pela inclusão, carinho, acolhimento e solidariedade, o evento reuniu os participantes para um almoço natalino, no dia 24 de dezembro, animado por Tio Paulinho, Papai Noel e pelos cantores Eduardo e Clara Brito, que encantaram os presentes com um lindo show de MPB.
Maria das Dores Santos, diretora de comunicação do Mohan – Movimento de Reintegração das Pessoas atingidas pela Hanseníase, se emocionou ao contar que foi abandonada pelo marido quando ela comunicou a ele que era portadora da doença. “Na mesma noite, ele foi dormir na lage da casa”, afirmou Maria das Dores, que já está curada e apenas trata das sequelas da enfermidade. “Ainda luto contra a depressão, mas nesta festa promovida pela Cidade da Luz, esqueço tudo e fico bem”, completa.
Nesta festa, os convidados puderam vivenciar uma realidade muito diferente do que costumam enfrentar. São comuns os relatos de discriminação, preconceito, abandono e isolamento a que a maioria dos portadores de hanseníase e albinismo estão submetidos. Na festa organizada para eles no Natal, o grupo foi recebido com todo carinho, com abraços, palavras de solidariedade e esperança.
O evento teve de tudo: farto almoço, recreação para as crianças, abraço de Papai Noel, show musical, distribuição de brinquedos, presentes e cestas básicas. Foram momentos de muita alegria para adultos, idosos e crianças que se confraternizaram, esquecendo por alguns momentos os problemas que enfrentam na sociedade.
Para a conselheira da Instituição, Rosângela Teixeira, a festa promovida pela Cidade da Luz para os portadores de hanseníase e albinismo, é uma festa em família, que eleva a autoestima e socializa. "São pessoas com as quais estamos envolvidos o ano inteiro, porque é um trabalho assistencial contínuo, mas o Natal coroa este relacionamento”. Rosângela também menciona que é iniciativa do fundador e presidente da Casa, José Medrado, trabalhar a autoestima e a liberdade de expressão das pessoas, independentemente de religião. Como exemplo, no encerramento da festa de Natal, um dos convidados, que é evangélico, fez uma oração de agradecimento pelas bênçãos recebidas, numa instituição espírita.
A história de Agnaldo Gama Pereira, coordenador do núcleo municipal do Mohan é comovente. Ele nasceu na extinta colônia de hansenianos de Águas Claras, filho de um casal portador da doença. Foi separado dos pais logo ao nascer. Atualmente é um dos militantes da causa dos atingidos pela enfermidade. “Até hoje não me conformo com o fechamento da Colônia e do Hospital Dom Rodrigo de Menezes, que era especializado em hanseníase. Sentimos muita falta de uma unidade ou um serviço focado no problema dos portadores da doença”, declara. Para ele, a festa promovida pela Cidade da Luz traz “esperança, a lembrança de alguém que trouxe para nós uma nova vida, a alegria e a paz”, referindo-se a Jesus.