Filhos de caminhada, há muito não emana da Terra tanto medo e a angústia, oriundos de incertezas diante de situação que coloca em risco a saúde humana, de forma ampla e envolvendo diversos fatores de interesses gerais da sociedade .
Muitas são as ditas mensagens encaminhadas daqui para a Terra, falando de castigo, de freios morais dentre muitos outros conceitos que, em verdade, só evidenciam, permitam-me, espelhamentos de uma fé sem renovação e cheia do mesmo de sempre, que dormita nos processos históricos do homem e da relação com suas crenças, desde suas vivências arquivadas em memórias ancestrais até mesmo valores de tradição familiar e conceitos divulgados por alguns conhecidos religiosos e seguidos por muitos sem maiores reflexões racionais .
É um momento difícil que passará muito mais rapidamente do que vocês esperam. Não o digo por profecia, mas pela incansável ação dos cientistas daqui em inspiração aos denotados da Terra. Vemos como processo natural da caminhada humana, posto que, e repito, só por estar no mundo o ser sempre estará sujeito às suas intempéries .
É preciso, no entanto, relembrar que a doutrina espírita só se plenifica aliando fé e a razão, enfeixadas pelo exercício da caridade. É preciso vivenciar a fé como a proposta em O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo XIX, item 7, que assevera: “A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade”. Como se vê, entendemos, não há espaço para que não se dê atenção ao que a ciência humana propõe, explica de forma simples e direta. Então, não cabe, com vênias, tentar justificar, explicar o que está acontecendo, os seus porquês, envolvendo-se em discursos fantasiosos, reveladores de inexistentes apocalipses morais, mas buscar a vivência das proposituras da lógica, da razão, que neste momento inclui, também, o que vêm de instituições e homens de ciência, sem perder o ideal no Bem.
Ademais, e bebendo ainda de mesma fonte, em seu item 3 : A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado. A fé vacilante sente a sua própria fraqueza; e mais adiante conclui o item: A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança;
De tempos em tempos infelizmente, se cria um apreço, uma moda a determinados temas nas hostes espíritas que são abraçados por muitos, sem a devida compreensão lógica de sua necessidade e ou procedência. Racionalmente, por que nos interessar por conjecturas morais desta pandemia? Muitas vindas por parte de possíveis falsos profetas e suas pseudo-revelações. Diante de tudo isso, cabe-nos, como sempre, o compromisso com o individual e o coletivo, acrescido de forma atenta para o que indicam nos dias atuais os homens de ciência, em este momento de tempestade, mas que a bonança é certa.
Sigamos. A espiritualidade maior trabalha sem alardes, sem lançar mãos de conceitos punitivos ou explicações que nada acrescentam. Façam a sua parte, que no demais as forças do Bem trabalham para o deslinde do perturbador momento.
É uma situação que passará, repito, e todos seguiremos os nossos desideratos pessoais e coletivos.
Cuidem-se, mas também cuidem, no possível. Fiquem em paz e cultivem uma fé raciocinada,
apoiada, sempre, na razão, no amor e na caridade.
Carlos Murion.